sábado, 7 de novembro de 2009

A VERDADEIRA ESPIRITUALIDADE

Mc 9:1-8

Introdução:

Nossos dias refletem de uma forma clara algumas verdades sobre a espiritualidade humana. Primeiramente por mais que as ideologias ateístas tenha se levantado, o homem inescapavelmente é um ser religioso. Há povos sem leis, sem governos, sem economia, sem escolas, sem tecnologias, mas não sem religião. O homem tem sede pelo Eterno. Ao lado disto outra verdade que nossos dias comprovam é que vivemos dias de grande confusão religiosa. Religiões pipocam em toda esquina. As religiões não passam de esforço humano para se voltar a Deus, esforço inútil, uma vez que a verdadeira religião fala de Deus tomando a iniciativa, traçando o plano redentor e aplicando a salvação ao homem. Estes dois aspectos, a religiosidade humana aliada a sua confusão é traduzida numa espiritualidade equivocada e confusa. Uma espiritualidade doentia, caótica, onde o centro é o próprio homem e não Cristo, Deus é procurado a fim de venha servir aos interesses do homem e não é para servi-Lo, não é para fazer a vontade de Deus, é para Deus fazer a vontade do homem, o homem busca Deus não é para conhecê-lo, é para se sentir bem. Sentimentos e experiências estão acima da revelação, o culto não é racional, mas sensorial. O homem não quer conhecer quer sentir. As emoções estão no centro da espiritualidade, a religião de fato para muitos é um ópio de êxtase, um narcótico que anestesia e alma. Quero conduzi-los para este texto a fim de lhe falar sobre o que é a verdadeira espiritualidade...

I. UMA EXPERIÊNCIA SOBRENATURAL: A TRANSFIGURAÇÃO DE CRISTO

1. A Natureza da Experiência

Jesus leva Pedro, Tiago e João para viver uma experiência, uma revelação poderosa de Deus [Teofania]. Jesus falara que alguns ali não passariam pela morte antes de vir a chegada do Reino e então estes viram uma antecipação deste reino, um espécie de trailer. Eles experimentaram momentaneamente o sabor da glória. E lá eles foram testemunhas de 4 fatos espetaculares:

a. A Transfiguração De Cristo - "Transfigurar" tem a idéia de metamorfose: mudar de figura, de aparência (BLH; cf aqui o v seguinte). Fazer resplandecer tem o sentido de glorificar, tornar famoso;” [Adolf Pohl]
O véu da humanidade de Jesus foi tirado momentaneamente, sua glória foi acoberta pela pele humana, aquela aparência humana foi alterada visualmente em esplendor. O Senhor dá uma “entrada”, um vislumbre de sua glória celestial.

b. A Aparição de Moisés e Elias – São representantes do VT. Elias era conhecido como sofredor e mártir e Moisés tinha sido rejeitado como emissário do povo. A Aparição de ambos denota paralelamente o caminho do sofrimento, caminho que será trilhado por Jesus, pelos discípulos e por aqueles dois servos do passado. Mas a presença deles não aponta apenas para a cruz, aponta para o futuro. A aparição deles sinaliza o cumprimento da esperança de Israel pelo glorioso fim dos tempos. O espírito de ambos antecederia a vinda do fim, fim glorioso para o povo de Deus.

c. A Nuvem Luminosa - A presen¬ça de Deus desce aconchegante sobre eles. A nuvem nada mais é que o céu que desce.

d. E a voz do Céu –

Que experiência tremenda e real! Não foi uma viagem psicológica, mental, fictícia. Que ajuntamento! Deus trino, Moisés o maio legislador e Elias um grande profeta. Foi algo maravilhoso! Não nego que Deus, soberanamente, pode levar-nos a situações e experiências sobrenaturais. Mas devemos ter muito cuidado sobre como lidar com tais experiências [Paulo em II Co 12]

2. O Objetivo da Experiência

O grande alvo foi dá uma pré-visão, ou uma visão antecipada da segunda vinda gloriosa de Cristo. Os discípulos viam seu Messias sempre humilde e pobre, sua majestade foi “oculta” em sua encarnação, mas um dia Ele será revelado em glória. Visava ainda lembrar que todos que partiram [Elias e Moisés] também desfrutarão de Sua glória. Também visava deixar no coração dos discípulos que embora eles viessem a sofrer e padecer por seguir o mestre eles também desfrutaria da mesma glória. Anteriormente foi dito pelo próprio Jesus que ele iria a Jerusalém sofrer e padecer, aqui Jesus que deixar claro que a cruz não é sua derrota, que a morte não porá fim e nem destruirá o Messias, pelo contrário a morte de Cristo é o caminho para sua maravilhosa glória!

Esta visão é para nós também amados! Seguir a Cristo não é uma missão fácil, às vezes somos tentados a desistir, diante das lutas, aflições, o abandono, as injúrias, a rejeição, as críticas que sofremos [se de fato somos discípulos]. Somos tentados e provados por amor ao Evangelho e a Jesus. E a caminhada é longa. E naturalmente podemos nos desfalecer. Às vezes desfalecemos, a fé esfria, a esperança enfraquece. Essa visão é um remédio, um antídoto para o produto das lutas e aflições do discípulo. A visão é a garantia de que vale a pena continuar a crer, a seguir, a servir. O nosso salvador que foi crucificado voltará em poder e glória e todos os que amaram que seguiram, todos que confiarão sua vida a Ele também participarão de sua glória e estarão com Ele para sempre. [Cl 3:4]

II. UMA EXPRESSÃO ANORMAL: ÊXTASE SEM ENTENDIMENTO [5-6]
Diante desta experiência como reagiram os discípulos?

1. Positivamente

Há um êxtase, uma manifestação de euforia, alegria e felicidade. É possível até ouvir um fervoroso grito: “Mestre...”. Ali Pedro encontrou gozo, conforto, consolo, prazer. Foi uma visão momentânea e extremamente gloriosa. Aqueceu o coração de Pedro a ponto dele não querer descer mais. Vivificou sua alma e o trouxe alento.

2. Negativamente

Mas, por outro lado, sua expressão revela muita coisa ruim, não recomendada. Revela ignorância do propósito pelo qual Jesus veio ao mundo – sofrer e morrer. Revela um Pedro que insiste em não aceitar que Cristo deve ir para a cruz, um esquecimento carnal [antes demoníaco]. Revela um esquecimento dos seus irmãos que não estavam em sua companhia [egoísmo] e um esquecimento da necessidade do cumprimento de sua missão como discípulo. A idéia de Pedro de construir três tendas revela uma visão baixa de Cristo, como um igual. Ele ainda não percebera completamente e profundamente a grandeza da pessoa de Jesus, alguém maior que Elias e Moisés. Ele é Deus-Encarnado. Por isso suas palavras são lamentáveis e sua espiritualidade é vazia e oca de sentido.

Ele vive uma experiência, mas há um véu nos seus olhos. O que faltou a Pedro foi entendimento. Aqui temos uma excelente ilustração da espiritualidade desfrutada por alguns, êxtase sem entendimento. Essa espiritualidade sem entendimento tem sido a marca de muitas pessoas ditas evangélicas. Uma espiritualidade oca e improdutiva, vazia e sem conteúdo. “Bom é estarmos aqui” é a espiritualidade da fuga. Não do enfrentamento. É a espiritualidade que deseja visões arrebatadoras, gemidos e gritos. Pedro ficou cheio de emoção e vazio de razão

Tendo como pano de fundo o nosso país, um país místico, obcecado pelo “espiritual”. [Legado místico oriundo dos índios, africanos e portugueses] aliado a grande influência do movimento pentecostal e neo-pentecostal conferiu um série de esquisitices a espiritualidade dita cristã, é o êxtase sem entendimento. São relatos de testemunhos de sinais e maravilhas e mistérios. Vigílias onde coisas estranhas acontecem gente que vive tendo visões extáticas. Cultos onde pessoas choram, riem, caem, convulsionam, e tudo de forma descontrolada. Gente que fica rodopiando e gesticulando como animais [Ana Paula], ruídos estranhos, experiências de “sair” do corpo e voar por cima das outras pessoas, visões de anjos, visões de entidades monstruosas, viagens ao céu, viagens ao inferno, enfim, fanatismo e êxtase. É inútil relatar tantas esquisitices. O que importa dizer é que essa religiosidade mística é predominante no Brasil. Sem falar nas bobagens do sal grosso, rosa ungida, óleo ungido e por aí vai.

Essa é a espiritualidade vazia, fútil e tola. É a espiritualidade do alto e não do vale! Eu diria que acima de tudo é a espiritualidade do comodismo e do conforto. É mais fácil estar num show gospel pulando do que está perto das pessoas oprimidas e que estão sofrendo. Que estão nos becos e nas ruas. Não queremos entrar nos hospitais e presídios, não gostamos de encarar a miséria e infelicidade dos que estão sem esperança. Não queremos encarar a dor dos que sofrem. É mais fácil e cômodo fazer uma tenda no monte e viver uma espiritualidade escapista, alienante. Ficar no monte é fuga, é omissão, é irresponsabilidade. Há uma multidão aflita no vale a espera! [Ils. Ex-Paquito]
Muita gente não está interessada em CONHECER os atributos de Deus e Sua vontade, mas “tocar” no Seu trono, nas Suas vestes, “experimentar” a liturgia dos anjos. É preferível experimentar uma força subjetiva, uma energia, e não ficar aprisionado no mundo racional que ouve algo inteligível. A fórmula “mágica” é esvaziar o púlpito de todo conteúdo doutrinário objetivo e encher as pessoas de revelações subjetivas e emocionais. Temos adoradores com paralisia intelectual!
“As experiências místicas não se alinham com a verdade bíblica, elas afastam as pessoas da verdade de Cristo. As pessoas começam a buscar experiências paranormais, fenômenos sobrenaturais e revelações especiais – como se nossos recursos em Cristo não fossem o bastante” (...) “Os sentimentos se tornam mais importantes do que a própria Bíblia”. [John MacArthur Jr]

III. UMA ESPIRITUALIDADE VERDADEIRA: CENTRADA EM CRISTO

Uma verdadeira espiritualidade é centrada na pessoa e na obra de Cristo. É portanto cristocêntrica. É a voz de Deus do céu que nos concede a verdadeira espiritualidade. Esta voz que foi anteriormente falada no batismo por ocasião do início do ministério de Cristo agora se repete.

1. É preciso entender quem é Jesus

Os discípulos ainda sofriam de uma má percepção da grandeza de Jesus e de sua pessoa, por isso a idéia de colocar os três em uma tenda. Eu diria que esta é a razão maior de uma espiritualidade oca e vazia. Cristo é tudo. E ele basta. Não precisamos mais de novas revelações porque Ele é a máxima revelação de Deus para nós.

Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. [Hb 1:1-2]

E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. [Jo 1:14]

O qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais, 21 acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro. 22 E pôs todas as coisas debaixo dos pés e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja, 23 a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas. [Ef 1:20]

Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, 10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, 11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.[Fp 2:9]

Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. 18 Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, [Cl 1:17-18]

Quem vive atrás de experiência mística e sobrenatural ou é um ignorante, ou um não regenerado, uma pessoa que realmente não se converteu e por isso sente-se inseguro, então corre atrás disto. Além do mais por até viver e participar de experiências místicas [enganosa] e perecer. Que vive atrás disto é porque não conhece a Jesus. Jesus basta. Em Cristo temos tudo! Ele é maior que tudo e do que todos. Ele não pode ser confundido com qualquer um. Ele é o filho amado! Ele é suficiente.

2. É preciso entender sua obra na Cruz

Moisés e Elias representam a Lei e os Profetas [VT] e todo o VT tem seu cumprimento em Cristo. O VT aponta para Cristo. A lei e os profetas apontam para Ele, em especial para sua obra no calvário. Essa era a missão central de Jesus. Lucas nos dá a idéia de que Moisés e Elias conversavam com Jesus sofre sua missão, a cruz [Lc 9:30-31]. A agenda da conversa é a cruz! A cruz é o centro do ministério de Cristo. Ele veio para morrer, sua morte não foi um acidente, mas um decreto eterno. Ele voluntariamente se entregou por suas ovelhas e por sua igreja.

Toda espiritualidade sem cruz é cega de discernimento. Quem sempre teve interesse de desviar Jesus da cruz foi o diabo. Portanto uma espiritualidade sem cruz não é apenas humana, é demoníaca. Não é a toa que ouvimos muito pouco o quase nada sobre a morte de Cristo nos púlpitos. Aboliram dos púlpitos a mensagem da cruz. Prega-se sobre sofrimentos, dores, doenças, filhos, solidão, separação, desemprego, marginalidade, vícios, prostituição, brigas, traições, “encostos”, libertação, poder, prosperidade, cura, milagres, miséria material, e não se ouve nada sobre arrependimento, perdão, justificação, santificação, adoção, a vinda de Cristo, a ira de Deus, os atributos de Deus, céu e inferno. A morte de Cristo possibilitou nossa redenção, nosso perdão, abriu a porta da nossa prisão e nos deu liberdade. É o salvador, o senhor, o autor e consumador da nossa fé, é o Filho de Deus, é o amado do Pai.

3. É preciso obedecer a sua Palavra

Cristo não deve apenas se compreendido, mas acima de tudo obedecido. Não há espiritualidade verdadeira sem obediência. Hoje se alardeia esta espiritualidade dos montes, dos êxtases, mística e paralelamente jamais vimos dentro do arraial evangélico [dito cristão] tanta desobediência, tanta falta de santidade, tanto pecado. Passamos por uma crise de proporções alarmantes. Há muito carisma e pouco caráter. Há muita quantidade e pouca qualidade, o crescimento é superficial, não tem profundidade.

Uma espiritualidade que não é traduzida em obediência é vazia. As palavras de Jesus não são conhecidas [paira uma terrível analfabetização bíblica], não são cridas e pior ainda são desprezadas ou mesma ridicularizada por aqueles que se dizem serem seus seguidores. Crentes que vivem em igreja, participando de cultos, louvando, cultuando e em sua vida pessoal e familiar não existem diferença nenhuma com o incrédulo.

Portanto ouçamos Jesus. Acima do que os homens dizem, acima das opiniões carnais e humanas, ouçamos Jesus. Obedeçamos a sua palavra. Olhemos para Ele. Permanecemos nele. Ele, somente Ele, nunca nos decepcionará, nunca nos desapontará e jamais nos abandonará.

As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. [Jo 10:28-29]

Conclusão:

E o que Jesus diz hoje para você: Mc 8:34, Mt 11:28! Ouça, creia e obedeça! Confie sua vida, sua existência nas mãos daquele que é o Senhor e o Salvador.

2 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Esta mensagem, foi muito edificante e esclarecedora, ficou bem claro que uma verdadeira espiritualidade deve estar centrada em Cristo, e como devemos buscar na obra de Jesus está real espiritualidade, foi uma benção.