sábado, 14 de novembro de 2009

FÉ E DÚVIDA

Mc 9:14-29

Introdução:

O último quadro [A Transfiguração de Cristo] do italiano renascentista Rafael [1483-1520] serve para perfeitamente para retratar duas realidades contrastantes. Em cima temos a transfiguração de Cristo, é o monte, são realidades celestiais e divinas, e no vale temos um jovem endemonhiado, é a realidade humana e terrena. Aqui passa-se de uma visão de glória para o conflito de uma possessão demoníaca. Deixamos de lado o antegozo celestial e milenar e descemos para a realidade da dor, fraqueza, da miséria, das lágrimas. Lá embaixo há uma realidade e ela é dura e cruel. Um menino sofre nas mãos do diabo e uma está aflito. Este é um contraste grandioso. Essa cena descreve realidades da vida, do dia a dia. O texto nos lança para realidades da vida. Queremos muitas vezes viver num mundo idealizado [fuga e escapismo]. Mas o mundo não é “um país das maravilhas”. O mundo oferece realidades amargas, lutas ferrenhas, o mundo não é tão colorido. Esta cena nos convida a pensar sobre realidades. Esta experiência é profundamente reveladora. Revela realidades do dia a dia, da vida!

I. O FRACASSO DOS DISCÍPULOS

Eles discutem sobre o que? Deduzimos o conteúdo da discussão do que o pai falou a Jesus. Ele trouxe seu filho doente a Jesus. Os nove discípulos eram seu representante ["Alguém que foi enviado por uma pessoa é como se fosse a própria"]. Eles fracassaram em expulsar o demônio. O fracasso deles leva ao questionamento da confiabilidade de Jesus. Jesus já demonstrara poder em expulsar demônios, mas de todos os tipos? Isto parecia provar que Jesus não era verdadeiro, que seu poder não viera de Deus [que tudo pode].

Um ateu moderno chamado Dennett faz uma acusação contra os cristãos afirmando que se eles realmente cressem em Deus, viveriam de modo diferente do que vivem. [Ateísmo Remix – pp. 48]

1. Nossos fracassos nos ensinam quão frágeis somos

Penetremos no coração dos discípulos. Eles anteriormente haviam expulsados muitos demônios [Mc 6:13], agora estão diante de um quadro difícil. Vivia a dura e humilhante experiência do fracasso. Tudo ali se constituía em uma lição e que lição para eles. Uma lição amarga e marcante. As coisas que aprendemos mediante experiências dolorosas marcam. Ali foi revelada para eles sua quão pequenos e impotentes são.

2. Nossos fracassos nos ensinam quão dependentes de Deus somos

Beijar a lona não é uma experiência fácil, mas nossas derrotas e fracassos não apenas revelam nossa fragilidade, mas nossa absoluta necessidade do Senhor. Como carecemos do Senhor amados. Esta é uma lição que aqueles discípulos aprenderam daquela dura experiência. Quão dependentes somos de Deus! A nossa força vem do Senhor, não vem de nós mesmo.

Somos dependentes do Senhor para tudo, no entanto achamos que porque podemos andar sozinhos, realizar coisas sozinhas, achamos que não precisamos do Senhor e então a vida nos lança experiência que revelam como quanto precisamos de Deus. São experiências pedagógicas e disciplinadoras. A sua força não vem de si mesmo. Nada temos que não tenha recebido. Somos como Sansão quando seus cabelos foram cortados. Somos fracos e frágeis.

Quando os discípulos perguntaram ao Senhor a razão de seu fracasso, Jesus expôs claramente [28-29]. Que possamos perceber nossa necessidade diária do Senhor, de sua graça e de sua presença. Com Cristo podemos fazer todas as coisas [Fp 3:14], sem Cristo não podemos fazer nada! [Sem mim...]. Com Ele podemos vencer as maiores lutas e tentações, sem Ele qualquer lutazinha nos derruba. Que cada manhã possamos orar: “Senhor não me deixe depender de mim mesmo, se tua presença não for comigo não me deixe prosseguir”

Como a oração é essencial para vida e para as lutas do dia a dia. A oração é a declaração clara a Deus de nossa necessidade, de nossa fragilidade, de nossa pequenez. Pela oração vencemos! Vencemos as lutas, vencemos nossos fracassos e até mesmo os poderes das trevas. Não há vitória sem oração! Não há poder sem oração! Uma vida cristã vitoriosa não vem de nossa habilidade pessoal, não vem de nossa inteligência ou dos nossos recursos vem de nossa dependência do Senhor, de nossa vida de oração.

Outra realidade da vida é...

II. O PODER DO DIABO

O diabo não é uma figura imaginária, não é um mito ou uma lenda. Ele é real. Uma casta de demônio invadiu a vida de um jovem e lhe está destruindo. A vida daquele rapaz se transformou no inferno. Temos que evitar na questão do diabo e suas obras dois extremos perigosos: Subestimar o Diabo – Negando sua realidade e atividade [diabo de menos] ou Superestimar o diabo, afirmando que tudo é o diabo. Falando do diabo mas do que se fala de Jesus. São neuróticos e caçadores de demônios, manipulando pessoas ingênuas e desesperadas. Então como o texto descreve o poder do diabo?

1. É destruidor

Aquela casta fazia daquele jovem uma marionete. Quando os demônios agiam o jovem rilhava os dentes, convulsionava, lançava no fogo e na água para matá-lo [epilepsia], além desta desordem compulsiva ele era surdo-mudo. Os ataques eram tão freqüentes e fortes que o menino não queria mais crescer, mas ia definhando. A epilepsia também pode diminuir a inteli¬gência e a personalidade. O menino ameaçava ficar abobalhado, reagindo cada vez menos a estímulos. Um verdadeiro atentado à imagem de Deus, e ainda por cima em uma criança. A possessão demoníaca é uma realidade dramática que afligem e destrói vidas. Esse menino era filho único. Ao atacar aquele rapaz ele estava destruindo sonhos de uma família. Onde o diabo age o desespero chega. Precisamos discernir seus ardis e confrontar as obras das trevas.

2. Atinge as Crianças

Aquele jovem vivia dominado pelo diabo desde sua infância. A palavra grega para infância envolve desde do feto [7 anos]. O diabo não poupa nem mesmo as crianças. Há uma ação diabólica para atingir nossos filhos. Vemos isto no Êxodo 10:10-11. Se Satanás investe desde cedo na vida das crianças, não deveríamos nós com muito mais fervor investir na salvação deles. Se crianças podem ser cheias de demônios, não poderiam ser também cheias do Espírito se Deus? Satanás começa cedo e nós? Onde estão nossos Samueis? Muitos pais estão desatentos e são negligentes. Nunca é cedo demais para investir em seu filho. O diabo está trabalhando para destruir seu filho e nós? O diabo não perde tempo, com seus demônios e suas astúcias ele visa ganhar o coração do homem mais cedo possível.

Deus nos tem abençoado ricamente com muitos meninos e meninas. Tanto em termos de ministério [Crescer, Cooperadores e Pão e Palavra] como em nascimento de filhos. A maioria dos casais tem filho pequeno. E o que estamos fazendo?

Amados precisamos nos esforçar em investirmos espiritualmente em nossos filhos. Não tenho nem dúvida que você pai é capaz de fazer tudo pelo seu filho em termos materiais [comida, educação, roupa]. Invista pesado no seu filhos, em oração e ensinamento. Creia não haverá maior descanso para seu coração como pai em ver seu filho andando no caminho do Senhor e cheio da presença de Deus.

Há ainda outra realidade...

III. O DESESPERO DE UM PAI

Esta é outra realidade revelada aqui. Há um pai e ele vive uma angustia e desespero terríveis. Imagine você no lugar dele. O diabo invadiu sua casa. Pense no seu filho, aquele que você ama, por anos sofrendo, sendo pouco a pouco destruído pelo diabo. Ele estava impotente. Não sai da sua mente a figura do seu filho jogado no chão: as mandíbulas batendo, mordendo a língua a ponto de escorrer sangue pela boca, a boca espumando aos sons de gargarejos como de alguém que está sendo estrangulado e, por fim, um estado de exaustão que o deixava prostrado como morto. Não é um perfeito retrato de tantos pais que vem seus filhos sendo perdido para as drogas e para a marginalidade?

As situações duradouras parecem não terem jeito, são considerados sem esperança. E o desespero e a angústia podem tomar de conta do coração. Ao levar a situação para os discípulos e não obter sucesso é claro que o desespero e angustia aumentaram.

Este pai nos ensina que fé e incredulidade podem estar juntas no só coração!

1. A ausência de fé [sua dúvida] – “Mas, se Tu podes...”

O pai então compartilha sua luta e desespero com Cristo, e ao fazer isto ele revela muito de si. Revela que é um pai preocupado com seu filho, revela que é um pai que tem discernimento sobre a situação do seu filho. Mas ao pedir a Jesus pelo filho ele revela algo sobre sua fé, ou melhor sobre a ausência dela. Ele diz: “Mas, se Tu podes...” seu pedido por mais tocante que seja revela dúvida e incredulidade. O desespero tem este poder.

Jesus repete a frase condicional: Se podes! Depois de tantos atos de Jesus, que devem ter sido bem conhe-cidos para o pai - caso contrário não teria trazido o filho! Ele já recebera sinais suficientes de que em Jesus ele se encontrava com o próprio Deus, o criador e libertador. A partir disto a fé poderia ter-se alçado num pedido incondicional. Mas com seu "se", o homem ofendera a Deus e a Jesus.

2. A origem da fé [sua confiança] – “Eu creio...”

Jesus afirma: Tudo é possível ao que crê. Jesus ataca os temores do pai que lhe perguntou sobre sua capacidade, Jesus o questiona sobre sua confiança. Isto não fala muito aos nossos corações, quando estamos em uma situação de desepero não questinoamos muitas vezes o poder de Deus em vez de questionar a nossa confiança nEle. Você está entregando a Deus todas as suas circunstâncias?

E imediatamente o pai do menino exclamou [com lágrimas]: Eu creio! Agora mesmo ele ainda duvidara e fora censurado por isso. De repente a fé está aí, fé gerada pela palavra do Senhor [v 23]. Assim a fé é obra da palavra. Jesus acendeu a fé. A palavra de Jesus não somente despertou fé, mas também revelou incre-dulidade. Por isso o pai grita em seguida à sua declaração de fé: Ajuda-me na minha falta de fé! É a segunda vez que ele grita por ajuda (cf v 22), mas desta vez não para seu filho. Há muito tempo ele mesmo precisa de ajuda.

Na vida é exatamente como nesta história. Esta é a experiência de todos os que se preocupam com um ente querido, eles também sofrem, eles também precisam de ajuda. Eles clamam: Ajuda-me contra mim mesmo! Tudo depende somen¬te de ti! Neste momento Deus se torna totalmente Deus para eles.

Este não é uma descriça de nossos corações, de nossa fé e de nossa dúvida. Ora estamos cheios de confiança ora estamos cheios de medos. As vezes estamos carregados de fé e esperança, mas as vezes fraquejamos e refletimos dúvida e temor. Mesmo que sua fé não se robusta ou seja mesmo fraca a use, não espere para que ela seja forte. Use-a mesmo tendo pouca fé. Diga: “Eu creio”!

E o que devemos fazer com a nossa incredulidade. Devemos lutar contra ela, por meio da oração. Não devemos deixa-la dominar nosso coração. Devemos levá-la a Cristo da mesma forma que levamos nossos pecados e fraquezas. Ajuda-me...

Por fim há uma realidade que não pode ser esquecida jamais na lutas do dia a dia...

IV. O DOMÍNIO DE JESUS

Jesus detém todo o poder e autoridade sobre as trevas, sobre os principados e demônios. Se algo é demais para nós ser humanos, se há forças capazes de nos afrontar e causar danos e fracassos elas não são páreos para Jesus. Jesus falou e com sua palavra de autoridade, com uma só palavra ele expulsou de uma vez por todas aquela casta.

Que consolo! Que conforto. Nas lutas da vida, nas batalhas do dia a dia, as duras realidades que enfrentamos tenhamos confiança que não um pode maior sobre tudo e a todos do que o poder e autoridade de Jesus. Mesmo que todos estejam conta nós. Satanás é forte, ativo, malicioso e mal. Jesus é maior do que ele e toda sua obra. Ele é capaz de salvar o homem do poder do diabo, de libertar o homem das algemas de Satanás. Ele é capaz de querbrar todo domínio do pecado.

Jesus continua ainda operando com seu poder e por sua compaixão, arrancando pessoas das trevas, libertando do pecado. Ele continua vivo e agindo. Em breve Ele voltará para por fim de uma vez por toda ações do diabo e ao reino do pecado. A corrente já esta preparada [Ap 20:1], um dia Satanás será preso. E lançado para sempre no lago de fogo!


Conclusão: Fé e dúvida talvez estejam morando no seu coração. Que você possa vencer toda dúvida, todo o medo colocando sua fé [mesmo pequena] em Jesus. Não importa as circunstâncias. Não importa as lutas. Creia!