quarta-feira, 5 de agosto de 2009

ENCONTRANDO CRISTO NA CRISE

Mc 6:45-52

Introdução:

O homem precisa se encontrar com Deus. Ele no Éden fugiu do seu criador. Na verdade foi banido de sua face por causa da sua desobediência. Ele precisa voltar-se a ele. Sua pior desgraça é sua distância. Por meio de Cristo, Deus vai ao encontro do homem. O homem só poderá ter um encontro com Deus por meio de Seu Filho, a suprema revelação. O entendimento e a compreensão de Cristo é chave para um relacionamento correto com Deus, com a vida e com outros. Esta compreensão inicia-se no momento em que o homem se arrepende e confia nEle, mas prossegue por toda vida. Podemos conhecê-lo no dia a dia, no cotidiano do nosso viver por meio de sua Palavra e as crises em nossa vida podem se transformar em grandes oportunidades para crescermos na compreensão de Cristo. Os discípulos careciam de um conhecimento maior de Cristo que não veio no milagre da multiplicação [v.52]. Seus corações necessitavam conhecê-lo melhor e por isto e para isto eles vão viver um momento adverso. Nossas adversidades são oportunidades para conhecer mais e mais Cristo, ele vem a nós em nossas crises!

I. UMA SEPARAÇÃO NECESSÁRIA

O contexto revela que Jesus inicialmente havia planejado um retiro com os discípulos mas as isto não veio a ocorrer. Depois da multiplicação Jesus resolve se separar dos discípulos. Cristo, na verdade, obriga os discípulos e orienta-os para um outro lugar. Ele queria ficar só e deixá-los só. Por que? Por que primeiro despediu os discípulos para só depois despedir a multidão? O que tinha o mestre em sua mente para fazer isto? A separação era necessária por duas razões:

1. Para livrá-los de um tentação.
Depois de multiplicação a multidão queria fazer de Jesus rei (Jo 6:14-15). Jesus quer poupá-los desta tentação, eles mesmos ainda não haviam compreendido plenamente a pessoa de Jesus [v.52] e essa situação poderia levá-los a ver Jesus e sua missão de uma forma distorcida. Eles ainda tinham no seu coração uma visão messiânica nacional e política. Jesus recusou a tentação da popularidade e assim separa-se tanto para orar por si como por seus discípulos.

2. Para interceder por eles na hora da prova
Jesus não tinha tempo de comer mais tinha tempo de orar. A oração é a sua respiração. No monte ao orar viu os discípulos em dificuldade e intercede por eles. Não há circunstância que Jesus não saiba ou que esteja fora se sua intervenção. Nada foge dos seus olhos.

A percepção incorreta de Cristo é algo muito sério. Eu diria que a maior tragédia do homem é não compreender plenamente que é Cristo. Todos têm uma visão dele. Alguns vê Jesus como um líder revolucionário [Che] que foi morto por suas idéias; outros o vê como um pobre coitado que foi crucificado como mártir de um complô político, vítima de uma armação de inveja, traição e egoísmo; outros o vê como um grande líder humano; outros o enxergam como um milagreiro que deve estar sempre disposto a resolver nossos problemas principalmente de ordem financeira ou de saúde. Mas não há nada mais importante na vida do que vê Jesus da forma correta. E para isto Jesus obrigou aqueles discípulos a se afastarem da tentação de vê-lo erradamente, para isto Jesus subiu ao monte para orar por eles. Um mau entendimento de Jesus custa caro, custa a o relacionamento correto com Deus e com a vida, aliás custa sua vida terrena e eterna.

II. UMA SITUAÇÃO ADVERSA

1. Uma situação adversa planejada
A orientação de Jesus aos discípulos leva-os para uma situação adversa. É importante crermos que tal situação não foi acidental ou casual, certamente tinha a ver com a falta de entendimento dos discípulos. Aquela situação adversa é fruto de uma orientação clara de Jesus, faz parte do discipulado e é importante para correção da visão dos discípulos de quem é Jesus.
Aquela adversidade, como outras é fruto da vontade soberana e bondosa de Deus para conosco. O bem de Deus não significa necessariamente vida mansa a parte de tribulações, o bem de Deus é a formação de nossa caráter em Cristo e que através das adversidades podemos crescer no entendimento da pessoa dele. [Rm 8:28]. Portanto quando passamos por tempestades cabe sempre perguntar: Qual é o plano de Deus? O que é que Ele deseja me ensinar, me corrigir e me fazer conhecer sobre Ele mesmo? Qual é o bem pretendido de Deus para mim nestas circunstâncias má?

2. Uma situação adversa demorada
A tempestade não foi passageira, foi bem demorada. Foram horas de grande desespero e lutando sem resultado. Foi do entardecer até a quarta vigília da noite [3-6h] remaram durante 12h. Eles foram surpreendidos, embora fosse excelentes remadores. Embora planejada por Deus, foi inesperada por eles. Embora dentro do controle divino estava fora do controle humano. Posso imaginar que eles desejaram ter Jesus lá ou mesmo esperavam que ele fosse antes da tempestade. Mas ele não veio, ele demorou! Esta é uma questão dramática na vida: A demora de Deus!
Como reconhecer o amor de Deus numa hora de angústia? Como entender o poder de Deus na crise! Como confiar no Senhor numa tempestade? Havia uma outra tempestade, a do coração, da alma, dentro deles!
Esta situação foi vívida por Marta e Maria quando mandaram um recado a Jesus dizendo que Lázaro estava enfermo [Jo 11:3]. A idéia é de quem ama socorre e com urgência. E a demora talvez significou para elas a dúvida do amor de Jesus por Lázaro! Talvez a esperança foi mantida e alimentada pelas irmãs. Talvez Marta ponderou: Jesus virá! Ele nunca nos abandonou! Ele virá! Mas Jesus demorou e Lázaro morreu. A certeza deu lugar a ansiedade e esta deu lugar ao medo e esta deu lugar a decepção! Quando Jesus veio Marta desabafou: Senhor, se estiveras aqui, não teria morrido meu irmão” [Jo 11:21]. A demora levou a uma ferida! Mas não critiquemos Marta pois as vezes agimos assim. Se Deus me ama porque me faz passar por isso? Se Deus me ama porque estou doente? Se Deus me ama porque estou padecendo necessidade? Se Deus me ama porque aconteceu essa tragédia? A demora de Deus pode parecer abandono de Deus ou indiferença mas não é!
Esta cena é tocante – na adversidade vemos Jesus orando e ele vê – sempre vê! Ele vê nosso sofrimento, lutas! Nunca é indiferente! Mesmo que pareça demorado! Ele vem e sempre virá, não no meu tempo, mas no seu tempo, ou seja, no tempo certo [Ils. Águia que deixa o filhote cair e socorre no tempo correto para ensinar a voar!]
Jesus sempre vê e vem nas nossas tempestades e adversidades! Diferentemente da primeira situação onde Jesus dormia no barco, aqui Jesus não está com eles, Jesus vem a eles. Ele vem no momento certo, ele não chegou atrasado. Ele não chegou atrasado à situação de Lázaro. Ele vem e vem no momento certo!
Ele vem no seu tempo, não quando desejamos, mas quando necessitamos. O tempo de Deus não é o nosso. Deus não livrou os amigos de Daniel da fornalha, mas na fornalha, não livrou Daniel da cova, mas na cova. Há momentos que Deus não nos livra da morte, mas na morte. Nem sempre nos poupa do sofrimento, mas a seus filhos ele os leva a sua casa.

III. UMA PERCEPÇÃO ERRADA

1. Jesus sempre vem a nós para o conhecermos
As tempestades não vêm para nos destruir, mas para nos levar a conhecer Deus! O propósito das tempestades é levar-nos a uma percepção mais profunda de Cristo! Aliás, é este o alvo de tudo na vida! Deus usa as adversidades como disciplinas para seu conhecimento!

2. Jesus sempre vem a nós para corrigir nossas idéias distorcidas
Os discípulos certamente aguardavam o socorro de Jesus, mas quando veio não discerniram. Era noite, o mar nevoento e escuro. Exaustos e cansados viram uma silhueta caminhando sobre as ondas. Eles esperavam Jesus, mas não desta maneira. E isto forçou que viesse a tona o que estava em seus corações – aliás, as tempestades e as adversidades forçadamente lançam para fora o que está dentro de nós. Elas são reveladoras de quem nós somos e de como vemos a Deus!
Para eles ali era tudo, menos Jesus! Eles achavam que era um fantasma! Gritaram de medo. Não viram um sinal de socorro, mas um presságio do pior! Agora não era mais a tempestade que os ameaçava, mas o estranho, o desconhecido. Revelaram ali sua superstição.
Aliás, é ouso a dizer que muitos cristãos ainda conservam suas crendices e superstições em sua vida. Pessoas que crêem em advinhadores, agoureiros, sexta-feira 13, gato preto, passar por baixo de escada, chinela emborcada, fazem figa, usam sal grosso e crêem em horóscopo!
Também ouso a dizer que é falta de um real conhecimento de Deus que faz com que nossas adversidades piores! É a falta de uma percepção errada de quem é Jesus que faz com que as circunstâncias se torne ameaçadora. Na verdade não é a força das circunstâncias que mais nos faz sofrer é a maneira como a vemos, é a nossa falta de confiança verdadeira em Deus que nos faz afundar mais e mais.

IV. UMA PRESENÇA MARAVILHOSA

1. Sua presença traz ânimo e dissipa o medo
A primeira palavra de Jesus não foi ao mar e nem aos ventos. Ele dirigiu sua Palavra para os discípulos. Ele acalmou os discípulos, antes dos ventos. Havia duas tempestades uma externa e uma interna. A interna é bem mais destrutiva. O problema maior não é o que esta fora de nós mais o que está dentro de nós! A questão não era circunstancial, mas existencial, não era os fatos mas os sentimentos.
Jesus então fala: Tem bom ânimo! É natural perdemos o ânimo no meio das lutas, ele não os censura, mas o anima! Ele se importa com os nossos sentimentos e os trata ali! Ele nos consola. Ele nos anima! Ele nos conforta! Ele tem um trato especial com a alma humana! Não a psicólogo como Jesus! Há pessoas que tem um dom tremendo de encorajar, mas há pessoas que são absolutamente insensíveis a dor alheia!
É presença de Jesus que dissipa o medo. Sou eu! Entre ânimo e o medo está Jesus! Sua presença traz animo e dissipa o medo! Sua presença traz paz! Ele está conosco! Ele é o Deus conosco! Mesmo quando não o vemos! Ele está presente! Mesmo na tempestade! Ele está lá!

2. Sua presença acalma as circunstâncias adversas
Além de acalmar a tempestade interna ele dissipa a externa! Certamente sabemos que passaremos por aflições, mas eles não são toda a vida. Há momentos de bonança! Há tempo de refrigério. O choro pode durar uma noite inteira, mas a alegria vem pela manhã! Portanto não desanime. Jesus porá fim a tempestade! Ele está no controle e ela não destruirá você! E no momento certo é chegará ao fim! Ele é o Senhor da natureza! As ondas o obedecem! O vento está sobre seu comando! As tempestades estão sob seu pés e sob sua voz! Ele é maior do que qualquer crise!

3. Sua presença nos guia
Jesus na verdade não pretendia entrar no barco ele queria guiá-lo ali fora! Mas por compaixão e entendendo a situação entrou e acalmou as tempestades. E depois os guiou! Eles cruzaram o mar e chagaram a onde Cristo queria que eles chegassem! Sua presença os guiou e os levou ao destino pretendido. E assim será. Com Cristo no barco tudo vai muito bem! E passa o temporal! E ele nos levará a vitória. Pode demorar mais chegaremos com ele lá! Aqui ele nos dará vitória temporária, nos por fim vitória eterna.

Conclusão: Duas coisas aprendemos por fim. Uma sobre nós mesmos e outra sobre Cristo!

Sobre nós: Enfrentaremos adversidades e estas revelarão nos medos e temores de estar só, medo das circunstancias e do desconhecido!

Sobre Cristo: Ele é o soberano que tem o controle de tudo! Ele é o intercessor, ele é poderoso sobre todas as coisas e é compassivo e ajudador no meio das adversidades. Ele é o nosso guia. Por tudo isto Ele é digno de ser adorado!

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