O CÉU [Parte II]

Ap 21:5-8

Introdução:

A ideologia marxista afirmava que o cristianismo retirava dos cristãos o desejo de conquistarem a felicidade na terra porque a esperava no céu. Esse discurso satisfazia muito bem aos interesses das classes dominantes uma vez que enquanto os cristãos se ocupavam em esperar pela felicidade no céu, eles desfrutavam o céu nesta realidade atual. Outros afirmam que é alienante pensar no céu, pois muitos usam essa idéia como um meio de escapar das dificuldades da vida. Essa ideia retira de muitos a luta por uma nova realidade aqui na terra.

Eu afirmo o contrário, quem vive sem esperança de uma nova realidade é um pobre miserável. Se não há esperança do céu, vida se tornaria mais difícil, ou melhor, a vida perde todo o sentido. Porém, nós não usamos a esperança de céu como um meio para escapar das dificuldades de vida. Não, pelo contrário, esta esperança é um dos meios de enfrentar as realidades de vida. Céu é uma parte da realidade da vida, e embora esteja em grande parte no futuro, está profundamente relacionado com o aqui e o agora. É a esperança do que Deus tem para mim amanhã que me permite enfrentar o hoje.

Repudie a ideia de que pensar no céu o torna inútil para a terra. Eu penso exatamente que é o oposto, pensar no céu, viver sob a luz da eternidade, viver com esperança de um porvir torna minha vida significativa. A pessoa que conhece que o seu destino é glorioso e certo será livre para viver a vida amando, servindo e sacrificando-se aqui em terra.

Se alguém cai de um avião sem paraquedas e você sem nenhum pula para salvá-lo morrerão ambos, você não fez nada de bom, seu sacrifício foi inútil. Duas mortes não são melhores que uma. Mas se você estiver usando um paraquedas, você pode tentar um salvá-lo. Indo após ele como uma bala afim de agarrá-lo e proporcionar salvação. Bastaria puxar a corda e ambos estariam salvos. É a esperança da segurança no fim que liberta você para um ato de amor e sacrifício no agora.

Damos sempre graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vós, desde que ouvimos da vossa fé em Cristo Jesus e do amor que tendes para com todos os santos; por causa da esperança que vos está preservada nos céus, da qual antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho [Cl 1:4-5]

A garantia do céu nos liberta para vivermos em amor e sacrifício aqui na terra. Nós podemos pular para salvar outros porque temos um paraquedas chamado esperança da glória!

Como será essa esperança [O céu]?

I. O CÉU POSSUI UMA NOVA REALIDADE

Deus inaugurará uma nova realidade. Porá fim a esta antiga e falida ordem, manchada pelo pecado e pelo mal e recriará uma nova, diferente e eterna realidade.

Veja a certeza disto: (1) Na posição de Deus anunciar. Ele está no trono do universo (2) Ele manda escrever, pois suas palavras são fiéis e verdadeiras. Assim Deus quer que leiamos isto com segurança e que a vinda desta nova realidade é certa. Ele quer que nós tenhamos garantia que não importa quanto mal, sofrimento e dores passemos agora, ele fará todas as coisas novas.

O que será de novo, que coisas serão absolutamente novas nesta futura ordem mundial:

1. Deus vai nos fazer espiritualmente e moralmente novos e gloriosos.

Para quem ama a Deus, para quem anseia comunhão com o Senhor, para que deseja sempre andar com Deus uma das maiores frustrações que experimentamos nesta vida é o fato de que ainda pecamos.

Paulo descreve muito bem esta frustração em Rm 7:23-24:

Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros. Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?

É desejo de todo o verdadeiro nascido de novo viver em santidade, é frustrante que na guerra do pecado às vezes temos derrotas. Nós caímos, falhamos, nós não amamos como devemos amar, falamos coisas que ofendem a Deus a ao próximo. Nós queremos ter fervor, paixão por Deus, por sua Palavra e por sua presença, mas muitas vezes nos sentimos frios e desanimados porque o pecado nos esfria. Nós desejamos viver sem ansiedade, medo ou angustia e nós muitas vezes não conseguimos. Nós queremos andar em pureza de pensamento, mas a impureza insisti em bombardear nossas mentes.

Sabemos que o Espírito e a Palavra são recursos que temos na busca de nossa santificação, que nos auxilia em nossa fraqueza. Mas quem ama a Deus deseja ardentemente o dia chegar em que estará livre para sempre da presença do pecado. Que falará, agirá e pensará totalmente livre de queda e de erro.

Deus promete quando ele fizer todas as coisas novas. Nós seremos feitos espiritualmente e moralmente novos --não só parcialmente como agora, mas completamente. Veja o v.2 Ele esta preparando um noiva sem ruga e sem mácula.

Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito. [Ef 5:25-27]

Será profundamente tremendo pensar que viveremos absolutamente puros, nada de culpa, nada de condenação, nada de medo ou vergonha pelo nosso pecado.

Isso é a primeira coisa extremamente nova que Deus fará. Deus nos fará espiritualmente e moralmente puros na nesta nova realidade.

2. Deus vai nos fazer fisicamente novos e gloriosos

A Bíblia não ensina que no estado final de glória os homens serão espíritos desencarnados. Era Platão e seus discípulos que pensavam que o corpo fosse a prisão do espírito. Mas Deus fará novas todas as coisas, incluindo nossos corpos. Veja v.4

Nenhuma morte, dor, lágrimas que significa que houve uma mudança radical em nossos corpos. Sofremos nesta presente era porque nossos corpos foram contaminados, mas ao invés de nos ver livres dos nosso corpos Deus transformará estes em corpos imortais e incorruptíveis.

Paulo falou desta esperança em Fp 3:20-21: “Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas.”

Há muitas pessoas que nesta vida foram deformados fisicamente ou nasceram com alguma sequela física: amputados, paralíticos, cegos, surdos, pessoas com distorções ou deformidades. Deus fará novos corpos, sem limitações e fraquezas. Quando Deus fizer nova todas as coisas uma coisa que ele fará de novo é novos corpos...

3. Deus vai fazer a criação nova e gloriosa.

Em v. 1 vemos Deus fazer novos céus e nova terra. Deus não vai fazer um novo sistema solar, estanho. Deus fará um recaal. A esperança dos profetas parece ser esta terra e estes céus serão refeitos libertos da maldição do pecado que o homem proporcionou. O pecado humano degradou o nosso ecossistema.

Veja Rm 8:21: “na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora.”

A igreja será glorificada, mas a terra e os céus serão redimidos do cativeiro imposto pelo pecado [Os pássaros cantam em tom de tristeza].

Assim quando Deus fizer todas as coisas novas, ele nos fará novos espiritualmente e moralmente, ele nos fará novo fisicamente, e ele fará a criação inteiramente nova para se ajustar aos nosso corpos.

Isso deixa uma última obra de renovação quando Deus fizer todas as coisas novas.

4. Deus fará nossa relação com ele nova e gloriosa.

João nos fala sobre isto no verso 4. É verdade que Deus está agora conosco. O Espírito dele mora em nós (1 Coríntios 6:19). Jesus nunca prometeu nos deixar (Mt 28:20). Mas em II Coríntios disse 5:6-7:

“Temos, portanto, sempre bom ânimo, sabendo que, enquanto no corpo, estamos ausentes do Senhor; visto que andamos por fé e não pelo que vemos.”

Por mais que exercitamos fé, sofremos por não vê-lo. Nós, no entanto nesta nova criação o veremos. Bem-aventurados os puros...Nossa relação com Deus será diferente, inquebrável, perfeita e intensa. [Ap 22:4]

Quando Deus fizer todas as coisas novas Ele nos fará tão puro quanto cristal sem defeito espiritualmente e moralmente, ele nos dará um corpo como o corpo da glória dEle, Ele renovará toda a criação expurgando todo mal e finalmente Ele virá a nós e nos deixará vermos a face dEle.

II. O CÉU É O LUGAR DE PLENA SATISFAÇÃO

Há uma insatisfação, uma sede em nossa alma, que é profunda, um desejo incomunicável e insaciável. Em nossa alma, no fundo do nosso ser Deus fez uma assinatura, um anseio, um desejo, uma sede que todo o homem inescapavelmente possuí. É uma verdade que nenhum de nós pode fugir: nossa alma tem anseios que nenhuma experiência nesta vida pode plenamente satisfazer.

“Nosso desejo de um relacionamento pessoal com Deus é forte, mas, geralmente, nós falhamos em reconhecer o que este desejo realmente é. Quando nos apaixonamos pela primeira vez, quando nos casamos, quando finalmente ingressamos na profissão escolhida, quando finalmente adquirimos aquela casa para passarmos o final de semana, todas essas realizações despertam em nós a antecipação de alguma coisa que, no fim, não acontece. Mais tarde, nós descobrimos que o desejo por aquele objeto precioso é um anelo que nenhum amor, carreira ou façanha alguma pode satisfazer. A satisfação murcha, mesmo que tentemos segurar com os dedos apertados nosso objetivo. Coisa alguma produz a alegria que parecia prometer. Muitos de nós evitamos a sensação de vazio que nos assombra mantendo-nos sempre ocupados ou apenas a negando. Na melhor das hipóteses, adiamos enfrentar este vazio” [Tim Keller – Pastor Presbiteriano]

“Se encontro em mim um desejo que nenhuma experiência deste mundo pode satisfazer, a explicação mais provável é a que fui feito para outro mundo. Provavelmente os prazeres deste mundo nunca forma destinados a satisfazê-lo, mas a insinuar que há um bem verdadeiro. Se é assim, é preciso tomar cuidado para nunca desprezar ou ser ingrato para com as bênçãos terrenas, mas não confundir com a verdadeira coisa da qual elas não passam de uma espécie de cópias, eco ou miragem” [C. S. Lewis - Peso de Glória]

Há certas religiões orientais que dizem que o segredo de ser feliz é libertar-se de todos anseios e desejos, que segundo eles é uma das principais fontes de sofrimento humano. Deus, porém nos criou com desejos e anseios. É fato que Deus não quer que tenhamos desejos carnais, mundanos ou sensuais. É certo que, em Cristo e nesta vida a sede da alma humana pode ser satisfeita.

“Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde ás águas” [Is 55:1]

“Aquele que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede” [Jo 4:14]

“Se alguém tem sede, venha a mim e beba.” [Jo 7:37]

Mas somente quando estivermos para sempre com o Senhor, no céu, livres do pecado, glorificados, amando e adorando ao Senhor nossa alma enfim estará plenamente saciada! O céu é um lugar de alegria indescritível. O céu é o ponto culminante de tudo o que Deus desejava nos dar quando fez o mundo e tudo que minha alma sempre ansiou nesta vida. [Ap 22:1-2 e ler Ap 22:17]

O céu é um lugar de plena satisfação, gostaria de terminar minha mensagem aqui, mas não posso, não devo. Não que creio que o que passo a falar seja um ato de injustiça divina, mas é um fato, e infelizmente lamentável alguns não atenderão ao convite de vir as águas. Embora o convite seja feito a todos e o caminho esteja aberto para todos alguns se recusarão...

III. O CÉU NÃO É O LUGAR DE TODOS [v.8]

Alguns não serão remidos! Há que creia que não haja inferno, ou que este lugar é um lugar de purificação e que no final das contas Deus perdoará a todos e todos serão salvos [Universalismo]. Porém por mais que alguns torçam por isto, isto não é verdade! Se a felicidade de alguns se encontra na auto-rendição, e ninguém pode realizar essa rendição além dela mesma e ela pode recusar a não se render. É verdade, é a mais pura e cristalina verdade, embora seja o céu um lugar de plena satisfação humana, nem todos serão salvos.

É profundamente doloroso, e talvez eu possa sentir um pouco da dor de Jesus ao chorar diante da incredulidade de Jerusalém, quando entendemos que um Deus tão cheio de misericórdia que se torna homem, morre crucificado para impedir a ruína de suas criaturas e que por meio de seu sacrifício permiti perdão e vida eterna, mas alguns homens diante disto recusam-se a se converterem.

Há dois outros versos que falam claramente da punição eterna Ap 20:10, 14:9-11

Alguns homens não desfrutarão de um rio de água viva, de uma realidade de plena satisfação, mas experimentarão por toda a eternidade um lago de fogo.

Por mais que alguns afirmem que este ensino é detestável, intolerável é real. Alguns viverão a eternidade afastada da presença de Deus, banidas de sua face, em tormento e sofrimento eternos.

Neste texto João dá um resumo, uma síntese de quem não viverá nos céu, que não terão acesso a água da vida, pessoas que não serão chamadas filhas de Deus. [Deus não envia seus filhos para o inferno! É verdade]. Essas pessoas não são filhas de Deus são...

Covardes

Ele encabeça a lista. Os covardes são aquelas que não tiverem a coragem de seguir a Jesus, de sofrer pelo seu nome. São os que se envergonharam de Cristo. A coragem é uma característica de um verdadeiro discípulo. O covarde é o que se preocupa mais com que homem pensa dele do que Deus pensa. Eles não têm a coragem confessar Jesus como Senhor e Salvador.

Porque qualquer que de mim e das minhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier na sua glória e na do Pai e dos santos anjos. [Lucas 9:26]

Os incrédulos

Trata-se daqueles que não ficaram firmes na fé Jesus, dos traidores, os que não deram testemunho de Jesus, os sem fé. No sentido de vida cristã, vida verdadeira, real ou genuína, não tão somente religiosa. São também os que desdenham das coisas de Deus, que escarnecem da fé, são os que creditam, mas não creem, não confiam! Eles não nasceram de novo.

Abomináveis

Fala dos pervertidos sexuais: os que vivem dando vazão aos desejos da carne, vivendo nas orgias, luxuria e lascívias: O homossexual, o adúltero, o pedófilo, os imorais.

Assassinos

Um assassino não tão somente o que mata friamente uma pessoa. Jesus falou do assassinato como uma atitude do coração: Se você odeia um irmão você é um assassino!

“Todo aquele que odeia seu irmão é um assassino, ora vós sabeis que todo assassino não tem vida eterna permanente em si. [I Jo 4:15]

Impuros

Falam especificadamente dos adúlteros. Dos infiéis aos votos matrimoniais. Aqueles que enganam as esposas e maridos e acreditam sinceramente que isto saíra barato. “Digno de honra entre todos... [Hb 13:4]

Feiticeiros

Tratam dos que se associam as coisas demoníacas, que se envolvem com espíritos malignos, ocultismo.

Idólatras

Os que adoram ídolos, imagens de escultura. Há também os que adoram pessoas, coisas e o mundo. O ídolo é qualquer coisa que esfrie meu amor por Jesus. Qualquer coisa que ocupe o lugar central de minha vida. Que receba toda minha atenção e minha fidelidade: trabalho, time...

Mentirosos

Satanás foi o primeiro mentiroso. Não esperamos que mentir seja um pecado tão grave. Mentimos de diversas maneiras...

A lista é maior: I Co 6:9-10 e Gl 5:1-21

Conclusão:

1. O céu possui uma nova realidade

2. O céu é um lugar de plena satisfação

3. O céu não é lugar para todos

O CÉU [Parte I]

Ap 21:1-5

O grande escritor C. S. Lewis em sua obra o Problema do Sofrimento no capítulo em que ele trata sobre O Céu aponta 3 razões de se falar pouco sobre o céu no meio cristão:

1. Escapismo – “Nós nos envergonhamos hoje de falar do céu. Temos medo que zombem de nós e que nos digam que estamos tentando “escapar” da tarefa de fazer um mundo feliz aqui e agora, envolvendo-nos em sonhos de um feliz noutro lugar”. Mas existe ou não existe uma “torta no céu”. Se não houver, entre o cristianismo é falso, pois esta doutrina faz parte integrante da sua trama. Se houver, então esta verdade deve ser entendida e compreendida.

2. Suborno – Temos medo de que o céu seja um suborno. E se o colocamos como nosso alvo nos tornaremos tão miseráveis quanto aqueles que buscam Jesus apenas por um interesse material, sendo que nosso interesse é ir para o céu. De fato é suborno se queremos ir para o céu apenas para nos livrar-nos do inferno! Mas o céu nada oferece que possa tentar uma alma mercenária. Somente os puros de coração verão a Deus, pois somente os puros querem vê-lo. O céu seria para quem não ama a Deus por Ele um inferno. Existem recompensas que não mancha os motivos. O amor de um homem por uma mulher não é mercenário porque quer casar-se com ela. O amor busca ter prazer naquilo que ama.

3. “Em certas ocasiões penso que não desejamos o céu; mas, mais vezes ainda, fico imaginando se, em nosso íntimo mais profundo, jamais desejamos outra coisa” Ou seja o céu, a presença de Deus, deve ser nosso anseio último.

John Lennon, um ex-Beatles cantou em sua mais conhecida música “Imagine”: “Imagine que não há paraíso é fácil se você tentar. Nenhum inferno abaixo de nós acima de nós apenas o céu. Imagine todas as pessoas Vivendo para o hoje”. Eu digo: Imagine a realidade do céu! Sua beleza e harmonia! Gostaria de a partir de Ap 21 então de pensar sobre o Céu apresentando esta maravilhosa realidade que se instalará eternamente...

I. O CÉU É UM LUGAR REAL [v.1-2]

Os céus não é uma ilusão ou ideia mental. Apesar de não podermos obter a perfeita compreensão [como uma fotografia, estática e limitada]. Esse lugar será tão material, substancioso e sensorial quanto o atual. Fala-se de solo, ruas, mesas, banquetes, coroas, músicas, luz – coisas tangíveis e perceptíveis.

Quando falo do céu refiro-me ao 3º céu. Uma vez que o primeiro é a atmosfera, o segundo é o lugar onde habitas os astros e o terceiro é habitação de Deus.

O céu não é um estado mental alcançado por hipnose, droga ou yoga. O céu não uma idéia definida de beleza e verdade. O céu não está na mente, nem dentro de você. João viu e Jesus afirmou claramente que iria preparar lugar. [Jo 14:1ss]. Jesus subiu ao céu em um corpo glorificado. Ele poderia transpor paredes, mas ser tocado por pessoas. Se alimentar. Será uma existência diferente, mas será real.

O lugar chamado céu não estará acima da terra, mas será colocado sobre ela. Deduzimos que não haverá mais separação entre o celestial e o terreno. Assim como no Éden estas duas esferas existiam conjutamente [Deus caminhava], ambos serão reunidos no novo cosmo.

II. O CÉU É UM LUGAR PERMANENTE

Nada que você vê nesta terra física vai durar, nada restará. Nós gostamos de ter coisas boas e devemos apreciá-los, mas não fique muito apegado ... eles não são permanentes. No final, tudo o que restará é a nossa alma! Os céus e a terra atuais serão substituídos por um cosmo aperfeiçoado e totalmente novo. Um novo e diferente sistema substituirá o antigo.

Nada que possuímos ou temos é permanente. Nu saí do ventre.... [Jó 1:21, I Tm 6]. Tudo que nós teremos na eternidade são os tesouros que nós enviamos à frente.

Duas mulheres morreram. Uma patroa e uma empregada. Uma não era generosa, preocupada somente em coisas materiais. A outra generosa. Um anjo escoltou a mulher rica até seu lar ao passar por mansão dourada perguntou: De quem é aquela casa? Daquela que foi sua empregada. Não posso imaginar como será a minha! Pararam em frente a uma casa de papelão. “O que é isto?” Infelizmente, foi o melhor que fizemos com o que nos enviou? Jesus disse que deveríamos ajuntar tesouros nos céus!

Um das experiências mais preciosas que nós teremos em céu serão vidas testemunhando de sua salvação por causa de alguém ter falado do amor de Jesus, ou por alguém ter orado por missões ou por alguém ter se tornado pregador ou por alguém que contribuiu para a pregação missionária.

III. É UM LUGAR PREPARADO

Eu fiz um monte de casamentos e a noiva leva muito tempo para se preparar horas e horas [vestido,cabelos, adornos]. E o Senhor falou que iria preparar-vos lugar [2000 anos] e certamente ele está caprichando, e como bem sabemos que Deus é generoso, imagine a beleza deste lugar! passou muito tempo , e não poupa despesas em preparando céu para nós . Se conseguimos ver a beleza de deste mundo que foi contaminado pelo pecado e foi feito em apenas 6 dias, pense no que aguardam aqueles que amam a Cristo! A borboleta, a rosas, os planetas, os pássaros...

"O céu é o lugar mais maravilhoso que sabedoria de Deus poderia conceber e que o poder de Deus poderia preparar." [R.G.Lee]

Uma menina nasceu cega, mas por meio de uma cirurgia recobrou a visão. Quando abriu os olhos e viu pela primeira vez correu a disse a sua mãe: Por que você não me falou que havia coisas tão bonita para se ver? A mãe disse: eu tentei, mas minhas palavras não bastaram! Tenho certeza que muitos de nós correremos ao apóstolo João e diremos: Por que você não detalhou mais sobre este lugar? Ele dirá: Eu tentei mas minhas palavras não bastariam!

“Mas como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.[I Co 2:9]

O lugar onde os que creem em Cristo passarão a eternidade é na verdade uma enorme cidade chamada Nova Jerusalém. É cidade do Deus vivo, nossa pátria, onde milhares de anjos habitam juntamente com os espíritos dos justos aperfeiçoados [Hb 12:22-23]. Esta capital do Reino de Deus emergirá do reino espiritual para ser contemplada e habitada por mim e por você em nossos corpos glorificados na nova terra. Depois da ressurreição ela descerá do céu para ficar definitivamente na terra.

IV. O CÉU É UM LUGAR DE ALÍVIO [v.4]

Não haverá mais envelhecimento, a fonte da juventude vai estar lá, um gole e todos os sinais de idade desaparecerão, fim das rugas e dos pés de galinha! Fim do bico de papagaio, infartos [Bela], câncer, cegueira ou surdez, colesterol, cicatrizes, deformação, anomalias genéticas, aids, diabetes, infartos, não haverá cocaína, drogas, não haverá divórcio, sequestros de criança, acidentes, estupros ou assassinatos ou assaltos [não haverá portas], não haverá injustiça, corrupção, desonestidade [Gladis nota baixa os demais pescam], não heverá ódio, medo. Nada vai estragar, apodrecer ou enferrujar! Não sofreremos mais desapontamentos, angustias, depressão, nem frustração. Não haverá mais dividas ou contas a pagar! Nada nos afligirá ou nos oprimirá. Satanás e os demônios não estarão lá, antes [Ap 20:10]. Não haverá mais guerra, fome, morte! Não haverá mais adeus!

Lágrimas representam aqui toda tristeza humana, todas as tragédias, todo o mal. As tristezas e os males ficarão para trás. A causa mais terrível das lágrimas é a morte. A morte será abolida. [Ap 20:4]. A presença de Deus porá fim toda dor, todo pranto, todo luto.

Ao longo dos meus anos de vida pastoral pude estar presente nos momentos de dores de alguns. Visitei enfermos que venceram a morte; outros que não [Alencar]. Celebrei funeral, testemunhei dores, frustrações, ansiedades, tentei consolar deprimidos, orei por enfermos. Apesar da alegria de poder servir, não são momentos agradáveis. Na eternidade não teremos mais dores, tristezas e sofrimentos! [Rm 8:18]. Haverá reencontros! Estaremos em festa e alegria. Tudo será novo e sempre novo!

Uma garota de 5 anos nunca tinha ficado uma noite fora de casa. Mas ela foi para casa de uma coleguinha passar o dia lá! Ela ficou um pouco nervosa, mas passou o dia bem, quando chegou noite e ficou escuro, ela ficou nervosa por estar num lugar estranho, então a mãe da amiguinha dela perguntou: "Querida, você está ficando com saudades". Ela respondeu querendo com inocência infantil tentando disfarçar a grande saudade que apertava seu coração "não minha senhora, eu estou ficando doente!" E assim é povo de Deus, temos saudade de nosso lar verdadeiro!

Saudade [CC 484]

Da linda pátria estou mui longe,
Triste eu estou;
Eu tenho de Jesus saudade;
Quando será que vou?
Passarinhos, belas flores
Querem me encantar.
Oh, vão terrestres esplendores,
Não quero aqui ficar!

Jesus me deu fiel promessa,
Vem me buscar;
Meu coração está com pressa,
Eu quero ao céu voar.
Meus pecados são mui grandes,
E culpado sou,
Mas o seu sangue põe-me limpo,
E para a pátria vou.

Qual filho, de seu lar saudoso,
Eu quero ir;
Qual passarinho para o ninho,
Eu quero ao céu subir.
Sua vinda ao mundo é certa,
Quando, não o sei;
Mas ele me achará alerta,
E para o céu irei.

Quanto mais tempo passamos aqui, neste mundo, mais doce será o céu para nós!

Para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não são dignos de serem comparados com a glória a ser revelada em nós. [Rm 8:18]

V. O CÉU É UM LUGAR DE RELACIONAMENTO COM DEUS [v.3]

Na nova cidade a presença de Deus será constante. A nossa comunhão com ele não sofrerá interrupção. Deus está preparando um novo mundo para o homem por ocasião da ressurreição e nesse mundo estará assegurada uma comunhão absoluta com Ele.

No AT a primeira morada de Deus foi o tabernáculo no deserto e depois no templo. Quando Cristo veio a mundo ele habitou temporariamente entre nós [Jo 1:14]. Nesta época Deus mora nela, é santuário de Deus. Mas isto ocorre no Espírito, que é experimentado somente pela fé, não vista No fim de tudo isto irá mudar. A fé da lugar a visão. [Ap 22:4] Contemplaremos sua face!

Na eternidade ele fincará para sempre sua residência com o homem. Não haverá mais um mundo separado de Deus. Iremos habitar para sempre com o Senhor! Não haverá mais barreiras entre nós e Deus!

Se você não for um crente remido, lavado no sangue, nascido de novo. Este pensamento deve lhe inquietar. O que deve aterrorizar você não é o inferno lugar de sofrimento e punição. O inferno é o lugar mais terrível do universo por que você não terá a presença de Deus ali.

Os céus não é uma recompensa a nossa fidelidade. Quem está preparando este lugar é Cristo. Quando ele deu inicio a sua caminhada para o calvário, quando se humilhara a uma dolorosa e vil condenação, quando escolhera ser abandonado por Deus, então ali foi fundada a nova Jerusalém. Ela é obra da dádiva e dos méritos do Senhor Jesus por seu amor por nós. Quando nos céu chegarmos ele iremos ver suas cicatrizes em seus pés e mãos, lembrança constante de como chegamos lá.

O céu é um lugar daqueles que desejaram viver com o Senhor. Que ansiaram por sua presença. Que desejaram sua face com anseio e sede. Daqueles que nesta vida se saciaram em Deus.

Conclusão:

Eu poderia terminar minha mensagem e lhe perguntar: Você quer ir para o céu? É claro que você diria sim! Todos querem! Ninguém, em sã consciência, desejaria arder no lago de fogo e enxofre, nem mesmo o próprio diabo. Ao mesmo tempo, quem não desejaria passar uma eternidade sem tristeza, dor, cansaço, gozando de perfeita paz e alegria? Todos querem isto!

Mas temos de perguntar por que as pessoas querem ir para o céu. Talvez respondam: “Porque o alternativo é doloroso”. Ou: “Porque a minha esposa está lá”. Ou: “Porque haverá um novo céu e uma nova terra, nos quais a justiça e a beleza finalmente estarão em todos os lugares”.

É verdade que ninguém quer ir para o inferno. O perdão proporciona alívio a uma consciência culpada. No céu, seremos restaurados à comunhão com os queridos que morreram em Cristo, escaparemos do sofrimento do inferno e desfrutaremos da justiça e da beleza da nova terra. Tudo isso é verdade. Mas essa não é a razão maior e a resposta última! O que está errado nelas é que não consideram a Deus como o bem final e mais sublime do evangelho.”

“Suponha que eu levante pela manhã e, enquanto caminho em direção ao banheiro, tropeço na cesta de roupas sujas que minha esposa havia deixado ali para lavar no dia seguinte. Em vez de eu mesmo remover a cesta gentilmente e pensar melhor a respeito de minha esposa, reajo de um modo completamente desproporcional à situação e lhe digo algo bastante grosseiro, quando ela ainda está acordando. Ela se levante, pega a cesta de roupa e desce a escada diante de mim. Posso dizer pelo silêncio e por minha própria consciência que nosso relacionamento entrou em séria dificuldade.

“Enquanto desço, a consciência me acusa. Sim, a cesta não deveria estar naquele lugar. Sim, eu poderia ter quebrado o pescoço. Contudo, esses pensamentos são principalmente argumentos carnais autodefensivos. A verdade é que minhas palavras foram incoerentes. A dureza emocional não somente fora desproporcional à seriedade da falha como também a Bíblia me ensina a não atentar para o erro. “Por que não sofreis, antes, a injustiça? Por que não sofreis, antes, o dano?” (1 Co 6:7)

“Por isso, quando entro na cozinha, há um clima de frieza, e minha esposa está de costas para mim, trabalhando no balcão da cozinha. O que precisa acontecer ali? A resposta é evidente: preciso desculpar-me e pedir perdão. Isto seria o correto a fazer. Mas, eis a analogia: por que eu quero o perdão de minha esposa? Para que ela faça o meu café da manhã favorito? Para que meus sentimentos de culpa desapareçam e eu consiga me concentrar no trabalho hoje? Para que tenhamos uma boa relação sexual esta noite? Para que nossos filhos não nos vejam em desarmonia? Para que ela finalmente admita que a cesta de roupa suja estava no lugar errado?

“Talvez, cada um desses desejos seja verdadeiro. Mas são todos motivos fracos para eu obter o perdão de minha esposa. O que está faltando é isto: eu quero ser perdoado para que tenha de volta a agradável comunhão com minha esposa. Ela é a razão por que eu desejo ser perdoado. Quero o relacionamento restaurado. O perdão é apenas um meio de remover os obstáculos, de modo que possamos olhar novamente um para o outro, com alegria”.

“[...] todas as bênção do evangelho são meios de remover os obstáculos para que conheçamos a Deus e desfrutemos mais plenamente dEle”. “O evangelho não é uma maneira de levar as pessoas ao céu; é um meio de trazer as pessoas a Deus”. “Se não queremos Deus acima de todas as outras coisas, não fomos convertidos pelo evangelho”. [John Piper]

Penso que o que torna o céu um lugar todo especial e maravilhoso não sejam tão somente as ruas de ouro, as muralhas de jaspe e pedras preciosas. O que valeria tudo isto sem Deus! O que torna o céu um lugar especial é o fato de que ele habitará para sempre conosco!

“Se eu te adorar por medo do inferno, Queima-me no inferno. Se eu te adorar pelo paraíso, Exclua-me do paraíso. Mas, se eu te adorar pelo que Tu és, Não esconda de mim a Tua face.” (Rabia, 800 d.C.)

O AMOR DO ESPOSO

Ef 5:25-33

Introdução:

Quando voltei da Paraíba para o Ceará, depois de 7 anos, cruzei com uma colega que há muito não tinha visto. Havíamos estudados juntos muito anos atrás. Depois de lhe cumprimentar fiz uma perguntinha para ela: Você casou? E escute a resposta dela: “Não me lance esta praga em mim não!” Tal mentalidade avessa, desdenhosa e porque não dizer blasfêmica é também retratada em diversas definições sobre o casamento: “O casamento, se enfrentarmos a verdade, é um mal, mas um mal necessário” “O casamento se assemelha a uma gaiola: os pássaros que estão fora ficam desesperados para entrar e os que estão dentro ficam desesperados para sair” “É único jogo de azar em que os dois parceiros podem perder”

Para a mentalidade moderna parece esquisita a ideia de que marido e mulher possam nutrir o mais profundo, livre e poderoso amor um pelo outro até que a morte os separe. No entanto não é só possível, eu afirmo a luz deste texto que o casamento é o espaço ideal para a manifestação e a expressão do amor.

Nesta passagem Paulo apresenta as responsabilidades dos cônjuges para um casamento harmonioso e feliz. A esposa deve ser submissa, claro que deve amar, mas seu foco é submissão. Ao marido é dado a responsabilidade de amar. A esposa se concentra na submissão; o marido no amor. Essas são responsabilidades essenciais, fundamentais, e quando há desequilíbrio pode-se averiguar que é um desses fundamentos está ruído ou desfeito.

O objetivo de minha palestra é examinar esta ordem dada ao marido – amar sua esposa. Para isto inicialmente vamos considerar as formas diferentes do amor, depois a partir do amor de Cristo vou apresentar marcas do amor conjugal e por fim vou sugerir implicações deste amor. Concluirei com um desafio para os casais.

I. AS FORMAS DO AMOR

Há 4 palavras no grego que podem ser traduzidos para “amor”, com conotações diferentes, Paulo escolheu uma delas, aqui vou apresentar as 2 possíveis e uma surpreendente.

1. Eros – Amor Físico

Esta palavra não ocorre na Bíblia. Na mitologia grega Eros é o nome do deus do amor [na romana Cupido], na psiquiatria este termo é usado para designar o impulso sexual, físico. E popularmente conhecido como amor sexual ou físico.

Paulo poderia ter usado este termo, e em certo sentido estaria certo. O amor sexual é legítimo e desejável no casamento. Sexo antes dele e fora dele é pecaminoso e ausente nele também é I Co 7:3. O marido deve sentir atração física pela esposa. Sexo não é a parte suja do casamento.

Mesmo sendo legítima não foi esta a Palavra que Paulo usou, pois embora o sexo é importante no casamento ele não se constitui em ultima instância o fundamento supremo que o sustenta. Por mais importante que seja, ele não o mantém por si só um relacionamento conjugal. Aliás o eros requer e carece de outra dimensão para que ele sobreviva. O casamento requer algo mais profundo.

Infelizmente esta é a perspectiva que o mundo retrata sobre amor. O mundo entende amor como se fosse exclusivamente eros. O amor é visto como atração física e sexo. Alguém se atraída fisicamente por outra pessoa e diz: “Eu amo e que casar com você”. Franscis Shaffer filósofo cristão afirmou que o pensamento secular é gerado no meio filosófico, despeja-se nas artes, vai para cultura popular e entra por fim na igreja. Assim aconteceu com esta ideia nociva. Pois foi Freud que afirmou que a força motriz de todos os relacionamentos humanos, comportamento e atitudes é o sexo. E as pessoas absolveram este destrutivo pensamento, nem tanto por meio dos escritos freudianos, mas por meio da cultura geral que foi moldada a luz deste pensamento. Este elemento é o mais propalado pelas novelas, filmes e “celebridades”.

Esta não é a verdadeira base do casamento. Pois uma marca do Eros é sua instabilidade, ou sazonalidade, ele vem e vai, vai e vem. Muitos podem passar por período em que o eros fica fraco e acabam por assim entenderem que devem terminar o casamento, pois para este o amor acabou. Muitos casamentos que estão fincados nesta base, estão sujeitos ao fracasso. Muitos se casam apenas para legalizar socialmente esta atração. Então quando a esposa envelhece, vem as rugas, o marido já não a acha mais bonita, ele covardemente a deixa. Na verdade ele nunca a amou. Teve uma atração física, visual, quando acabou ele foi procurar em outro lugar.

2. Fileo – Amor amigo

Paulo poderia ter usado a palavra “fileo” [filantropia, filosofia, Filadélfia] que também pode ser traduzida por amor. Esta aparece no NT várias vezes. Esta tem uma nuança especial denotando amor fraternal, amizade. Aponta a ideia de relacionamento fraterno e amigável entre pessoas. [Embora aponte o amor de Deus e de Cristo]. Este amor amizade estaria baseado em gostar da pessoa por inteiro. Você gosta do temperamento, da maneira de falar, do jeito da pessoa.

Em tese, a esposa deveria e deve ser a melhor de todas as amigas. O casamento proporciona um ambiente para desenvolver uma amizade profunda, amadurecida, devido aos desafios da vida a dois. Portanto é esperado que elementos que expressam amizade possam ser vivenciados no casamento: o companheirismo, a afinidade, o sentir-se bem com a outra pessoa. Este elemento muitas vezes por não existe destrói arruína o casamento. Muitos casamentos acabam porque falta amizade. Estes se transformam em estanhos e às vezes inimigos. No entanto por mais importante que seja este elemento, a amizade, não foi isto que Paulo colocou como a dimensão mais profunda e requerida do cônjuge.

3. Ágape – O amor de Cristo

A natureza deste amor procede da vontade e determinação, não das emoções [como eros e fileo]. Como podemos compreender o significado deste amor, que é o modelo ou fundamento maior para o amor do esposo? Onde podemos olhar e refletir sobre este amor? Há alguma expressão clara que nos revele o que de fato vem a ser Ágape?

"Nisto conhecemos o amor, em que Cristo deu a sua vida por nós" (I Jo 3:16). Embora muitos possam dar uma definição do que é amor [poetas, pensadores]. João ousa dizer que, sem Cristo e sua cruz, o mundo jamais teria conhecido o verdadeiro amor. É claro que todos os seres humanos experimentam certo grau ou qualidade de amor. Mas João está dizendo que apenas um ato de amor puro, não manchado por alguma nuança de segundos motivos, foi praticado na história do mundo, a saber, o amor de Deus que se deu a si mesmo em Cristo na cruz por pecadores que não o mereciam. É por isso que, se estamos procurando uma definição de amor, não devemos ir ao dicionário, mas ao Calvário.

Portanto, este amor foi revelado, exemplificado, demonstrado, visualizado em Cristo, e em especial, em sua obra máxima, a Cruz! E é a partir do paradigma deste amor, o amor de Cristo pela igreja, que Paulo se utiliza para descrever a natureza deste amor. O amor de Cristo é o modelo do amor do marido pela esposa.

II. AS CARACTERÍSTICAS DO AMOR DO MARIDO

1. É incondicional

Cristo amou e se entregou por ela. Paulo aponta a cruz. Em que condição estava a igreja quando Cristo a amou e manifestou seu amor por ela? [Rm 5:8]. Este amor não é baseado em qualquer mérito ou qualidade que tivéssemos. É incondicional. Deus não nos amou impondo condições. Ele nos amou imerecidamente.

A história da Cinderela nos ajude a entender a natureza deste amor, por contraste. Cinderela era a moça que vivia na casa da madrasta tendo como as duas filhas de sua madrasta. Era maltratada e queria ir a festa do casamento do príncipe mais não podias. Então apareceu uma fada madrinha que a transformou numa bela princesa com uma linda carruagem. Ele foi a festa e o príncipe se apaixonou por ela e os dois acabaram-se casando-se. Uma linda história de amor. A pergunta é: Será que o príncipe se apaixonaria por ela se tivesse visto antes dela ser transformada, lá na cozinha, maltrapilha, suja, cheirando a suor e a gordura?

Eis aqui a diferença entre o amor do príncipe e de Cristo. Cristo amou a igreja maltrapilha, suja, pecadora, miserável, indigna, feia e em estado terrível que o pecado pode deixar uma pessoa. Ele resolveu, decidiu amá-la não motivada em algum mérito, não porque aprouve e ou mesmo goste de seus erros, mas por sua vontade e decisão soberana.

O amor de Cristo é diferente do amor celebrado pelo mundo. Amamos o belo, o agradável, o cheiroso. [Data-Show - Os animais feios estão em extinção]. O amor de Cristo é incondicional, ele não olhou a nossa feiura, nossa fraqueza, amou-nos sendo nós ainda pecadores.

Este é o amor que nós maridos devemos manifestar a nossas esposas. Amá-las, e determinar-nos a amá-la apesar de seus defeitos, fraquezas, e erros. Amá-la mesmo com rugas e máculas! Amá-la incondicionalmente!

2. É voluntário

No plano eterno da salvação, o Pai propôs-se salvar a igreja mediante a morte substitutiva e voluntária de Cristo na cruz. O Filho voluntariamente se ofereceu ao Pai, dizendo: “Eu morrerei pelo pecado do povo”. O amor portanto foi voluntário, não foi uma imposição do Pai. Vemos várias vezes Jesus enfatizando que seu ato de entrega é voluntário, ele veio porque quis. Essa oferta [entrega] implicou em humilhação e renúncia.

Ninguém pode amar incondicionalmente e voluntariamente sem passar pela humilhação, pelo quebrantamento, pela renuncia do ego. Em Fp 2:5-8 vemos o caminho palmilhado por Cristo até a cruz! Ele foi humilhado e sacrificado na revelação do seu amor. Ele desceu pela escada da humilhação. Deixou temporariamente sua glória onde habitava como Pai, tornou-se homem, não um rei, mas um escravo [Mc 10:45] e por fim morreu de uma forma humilhante na cruz. Ele fez isto tudo por amor! Não haveria salvação de este amor não fosse revelado na cruz.

A natureza deste amor envolve renuncia. Renuncia de nós mesmo a procura do bem da esposa. E nisto está a nossa alegria. Você não casa para fazer sua esposa feliz e nisto está sua realização. Quem é o servo no casamento. Diferentemente da imagem tão comum de um homem que espera ser servido, exige egoisticamente prazer e tem suas esposas como empregadas, Cristo expõe uma face contrária. Ele é o servo, que serve por amor. Não veja, em nenhum momento tal renuncia como algo terrível. Em nenhum momento vemos Cristo ao se entregar por nós queixando-se, murmurando, reclamando, tudo foi voluntário. A própria renuncia foi um ato de prazer!

3. É santificador

A igreja é composta dos eleitos, que manchados pelo pecado estavam caídos, corrompidos e culpados com o resto da humanidade. Cristo deu-se para libertá-los deste estado, derramou seu sangue para resgatá-la e purificá-la do pecado. Cristo a resgatou e a adornou, santificando-a. Santificar é separar algo para Deus. Assim Cristo morreu para separá-la do resto da humanidade, para ser sua amada.

Portanto tudo começou numa escolha. É como um homem que entre várias jovens afirma: “Esta é a minha esposa”. É esta escolha que sustenta o amor.

Este processo iniciado na escolha, concretizado na morte, com vistas na santificação, continua no cuidado diário de Cristo pelos eleitos. Cristo está a destra de Deus intercedendo, adornando-a, preparando-a para si. Santificando-a! Ele santifica aqueles por quem morreu. Se não há santificação você não pode afirmar que Cristo morreu por você e que você é salvo. Cristo santifica os salvos e todo o salvo será santificado. Ele cuida da sua igreja. Ele a escolheu, morreu por ela e zela por ela.

É assim que os maridos devem amar suas esposas, cuidando delas, promovendo o seu crescimento espiritual, orientando-as, ajudando-as nas suas dificuldades. [Ils. Gary e o sorriso da Gláucia] [Ef 5:27].

III. IMPLICAÇÕES SOBRE O AMOR DO ESPOSO

1. O amor possui uma dimensão espiritual

O amor requerido exige morte do ego, renuncia e zelo pela esposa. O marido tem a tendência de ser servido em vez de servir, tratam suas esposas como empregadas e não como companheiras exigindo delas o cuidado, prazer e o conforto. Certamente esse amor voluntário, incondicional, zeloso não é fácil, é na verdade impossível. Somente os maridos verdadeiramente salvos são habilitados a amarem assim, porque experimentaram este amor em Cristo. Além da conversão há uma necessidade de uma vida cheia do Espírito. Uma vez que este padrão é alto, por nós mesmo não o alcançaremos, daí porque o contexto desse mandamento é o imperativo “Enchei-vos do Espírito...” [Ef 5:18]. Só no poder do Espirito Santo é que vocês serão capazes de amar sua esposa. Devemos buscar uma vida cheia do Espírito Santo! E uma verdadeira espiritualidade é revelada na maneira como o marido trata a esposa. É o Espirito que transbordando em nossas vidas fará fluir esse amor divino para com nossas esposas!

2. O amor é aprendido

É importante termos esta dimensão, para que não espiritualizemos o amor. Aprendemos a amar! Nenhum rapaz deveria casar a menos que já tenha aprendido a amar assim. Se assim não for é melhor ficar solteiro, pois fará a sua esposa infeliz, se o namorado só sabe exigir, cobrar, receber, e não aprendeu a renunciar e morrer para o ego ele não é apto para o casamento.

Como Dietrich Bonhoeffer escreveu para um jovem casal: “Não é seu amor que sustenta o casamento, mas de agora em diante, é o casamento que sustenta o amor.”

"A aliança feita é o que sustenta o amor, e não o amor a aliança. Romance e a paixão é algo bonito, e voltar a se apaixonar, uma e outra vez, é importante … [Mas] voltar a se apaixonar após muito tempo de dor, somente pode ser sustentado se elevar a aliança acima dos afetos e romance,” diz John Piper.

3. O Amor é Prático

O amor é prático, não é apenas de palavras [meu xuxu, meu amor da minha vida, meu docinho de coco, paixão, “mãe”]. É muito comum e as vezes é hipocrisia [em casa é “sua tonta” “sua burra” “é doida”]. Portanto o amor é prático, é concreto, é expressado não necessariamente em atos extravagantes, mas diários e simples, é sua conduta em casa, diante das dificuldades, criação dos filhos, finanças, etc.

Conclusão: Maneiras Práticas de Amar a Esposa: http://www.youblisher.com/files/publications/8/47388/pdf.pdf

Pr. Luiz Correia