Mc 2:13-22
Jesus recebeu uma forte oposição dos religiosos, visto que ele não se sujeitava as tradições deles. Anteriormente eles manifestaram uma oposição em seu pensar, agora manifestam abertamente por três vezes no capítulo 2. Suas críticas são direcionadas a alguma atitude de Jesus, e esta situação de oposição nos proporciona uma excelente oportunidade para conhecermos mais a pessoa de Jesus. Suas atitudes contrariam a religiosidade espúria dos fariseus ao mesmo tempo em que nos revela benção singular e maravilhosa que ele oferece através de sua presença. É sobre estas bênçãos que quero meditar, a fim de que você perceba que grandes bênçãos Jesus concedem aos seus seguidores...
I. A PRESENÇA DE JESUS TRAZ ACEITAÇÃO DE DEUS AOS PECADORES [12-17]
1. A Crítica a Jesus: Ele come com pecadores
a. Levi [Mateus] havia se tornado discípulo do Senhor. Então oferece um grande banquete [mesas] convidando seus amigos [estratégia evangelística] e convidando Jesus.
b. Mateus é um publicano que servia ao interesses de Roma cobrando impostos e extorquindo os seus próprios compatriotas tornando-se ricos. Por isso era odiados e desprezados, banidos da sociedade, desqualificados como testemunha nos tribunais e proibido de freqüentar as sinagogas. Eram considerados como ladrões e assaltantes. Eram gananciosos e materialistas.
c. Uma pessoa piedosa [visão do fariseu] devia evitar comer com um não-religioso. Os santos devem viver separados [Sl 1:1] Havia a esperança de um banquete messiânico em que os judeus esperam que eles ceassem com o Messias a parte dos gentios e pecadores.
d. Jesus cruza as barreiras para levar as boas novas aos distante de Deus. Ele demonstra amor redentor de Deus oferecendo perdão dos pecados e aceitação. Por este ato é evidenciado para os fariseus que Jesus é pecador, ele tolera o pecado e participa num banquete com eles de uma forma aberta.
e. Ao comer com os pecadores Jesus não estava concordando, aprovando ou mesmo fechando os olhos aos pecados destes. Jesus não nega que eles sejam pecadores, antes os chama assim como oferece a si mesmo com a resposta aos seus pecados.
Aplicação
a. A atitude de Jesus [chamado/comunhão] deve-nos encorajar a investir na vida das pessoas que achamos difíceis, os rejeitados e marginalizados, os incuráveis e desprezados. Ele é capaz de quebraras cadeias e abrir os corações. O Espírito Santo é soberano!
b. O contato de Jesus com os não-cristãos deve-nos levar a termos nossas vidas envolvidas com os de fora. Somos chamados a santidade, não ao isolamento social. Devemos e temos que ter amizades com incrédulos para influenciá-los.
2. A Resposta de Jesus [v.17]
a. Jesus usa uma parábola em sua resposta. Os pecadores [Mateus, seus amigos] precisam de um médico, aliás, todos precisam, não há justo [Rm 3:23]. Há pessoas que se acham justas e que por assim acharem estão num quadro mais avançado da doença. O pior doente é aquele que não reconhece seu estado ou que não sabe. E por assim crêem que estão não buscam um médico.
b. Veja o propósito de Jesus: “vim chamar pecadores” [1:38, 10:45]. Jesus deseja os indesejáveis, comunga com os marginalizados. Ele oferece perdão aqueles que reconhecem sua condição espiritual. Jesus quebra as barreiras para falar do evangelho.
Aplicação:
a. O maior obstáculo a um conversão é atitude de reconhecer a situação espiritual do homem. Os que se consideram “justos” e tem uma alta avaliação de si mesmos são tão carentes quanto qualquer outro. Toda conversão é um milagre, seja ela de quem for! Todos os homens são carentes da graça de Deus!
b. Só uma pessoa consciente de seu estado busca salvação! Não há fé sem arrependimento nem salvação sem conversão. Ninguém busca água sem sentir sede, nem alimentos sem fome. Para alguém vir a Cristo tem que admitir sua necessidade. A salvação não é para aqueles que se consideram dignos, mas para os indignos.
c. A pessoa que se julga boa e que não necessita de ajuda, isto é uma barreira. Há três pacientes que Jesus não pode curar: (1) Aqueles que não o conhecem, (2) os que os conhecem, mas se recusam a confiar nele e (3) aqueles que não admitem a necessidade dele.
II. A PRESENÇA DE JESUS TRAZ ALEGRIA DA COMUNHÃO COM DEUS OS PECADORES
1. A Crítica a Jesus: Ele não jejua
a. Os fariseus haviam transformado a vida num fardo pesado e ritos mecânicos e áridos [esse é um perigo da vida religiosa] e conseqüentemente isto rouba da vida alegria, o gozo, a beleza. Eles estão preocupados em manter o “satus quo” da religiosidade e Jesus com suas atitudes era uma ameaça.
b. O estilo de vida de Jesus e os discípulos não se enquadravam na visão religiosa dos fariseus. Jesus e os discípulos não jejuam antes se banqueteiam demais!
c. Os discípulos de João e os fariseus possuíam outro estilo de vida. Os fariseus jejuavam para revelarem-se piedosos e santos, faziam desta prática ocasião de exibição. Faziam regularmente [2ª. e 5ª. feiras – Lc 18:12]. Os discípulos de João jejuam para revelar tristeza pelo pecado [jejuar= estar de luto]. O jejum era uma expressão de coração partido, geralmente por causa do pecado ou acerca de algum perigo ou alguma benção desejada. Era algo que você fazia quando as coisas não estavam bem.
2. A Resposta de Jesus
a. Jesus não estava contra o jejum. Não estava contra a Lei, que exigia um jejum anual [Lv 16:29, dia da expiação] Ele mesmo jejuou 40 dias e ensinou a maneira correta de jejuar ao corrigir o jejum hipócrita dos fariseus [Mt 9:15]. O jejum continua sendo uma prática legítima e necessária a igreja [v.20]. Jesus se opôs as tradições religiosas, as amarras e os fardos da religiosidade judaica impostas pelos fariseus.
b. A pessoa de Jesus inaugura uma nova realidade. O Messias veio e sua vinda é como a vinda de um noivo para uma festa. Jesus é visto como o noivo. O Deus de Israel veio até nós, e isto é tão maravilhoso que é ocasião não para jejum. Casamento é tempo de celebração, de júbilo, jejuar nesta hora é algo impensável.
c. Jesus traz consigo um tempo de alegria. É alegria demais, jejum é para tempos de anseio, anelo e desejo ardente. O noivo veio, o noivo está aqui. É tempo de alegria, não de lamentação.
d. As bodas do casamento era a semana mais feliz para a vida de um homem. A festa de casamento possuía uma alegria desmedida e ofuscava tudo. Os professores da lei interrompiam as aulas da Torá, os inimigos se reconciliavam, os mendigos e quem aparecessem podiam comer de graça. Rufavam os tambores, nozes eram jogadas mos convidados, a procissão dançava diante da noiva e louvava pela sua beleza. Os convidados ficavam desobrigados dos jejuns.
e. No entanto Jesus afirma que o noivo será tirado [falando da cruz – morte violenta – Is 53:8]. O noivo conquistará a noiva por meio do sofrimento e morte. Ali eles jejuarão, mas não de uma forma diferente. Sua morte não é o cancelamento do casamento, portanto necessariamente o fim da alegria, mas pelo contrário, sua morte é a razão da verdadeira alegria, pois com ela ele obterá o perdão dos pecados.
f. O novo jejum apóia-se sobre a obra consumada de Cristo, não porque ele não veio nos perdoar, antes porque ele já veio, já provamos dos benefícios [entrada], mas uma vez provado não podemos nos satisfazer até a chegada da consumação da alegria [banquete]. O jejum cristão [novo jejum] é uma fome por toda plenitude de Cristo. É um anseio por Cristo e sua plenitude!
Aplicação
a. Jesus veio trazer vida abundante! Sua pessoa é motivo de festa e alegria! A vida cristã deve ser motivo de gozo e alegria inexplicável. A vida cristã é como um casamento com Cristo. A vida cristã manifesta-se na alegria da presença de Cristo.
b. Podemos transformar a vida cristã num fado pesado. Sei que a vida cristã possui lutas e há momentos de tristeza e sofrimento! Mas não podemos esquecer que devemos ser o povo mais feliz no mundo: Nossos pecados foram perdoados, temos uma família de muitos irmãos, somos filhos de Deus, temos vida eterna, somos habitados pelo Espírito, temos uma herança eterna, seremos ressuscitados e estaremos para sempre com o Senhor, viveremos na nova Jerusalém! Jesus é a nossa fonte de alegria!
Assim também agora vós tendes tristeza; mas outra vez vos verei; o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém poderá tirar. [Jo 16:22]
Naquele dia, se dirá: Eis que este é o nosso Deus, em quem esperávamos, e ele nos salvará; este é o SENHOR, a quem aguardávamos; na sua salvação exultaremos e nos alegraremos. [Is 25:9]
Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? 36 Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. 37 Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. 38 Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, 39 nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. [Rm 8:35]
A quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória [I Pe 1:8]
c. Hoje celebramos a alegria da salvação. É verdade que o noivo de uma certa forma nos deixou. Somos uma noiva que espera [Ap 22:12]. Mas na glória celeste a festa nunca vai acabar. O noivo voltará e estaremos para sempre com ele. Estaremos na casa do Pai. A vinda de Jesus [morte e ressurreição] oferece já [antecipadamente] alegria para o triste, libertação para encarcerado, vida para o morto, salvação para o perdido. Mas sua vinda futura oferecerá alegria plena e infinita.
d. Esta perspectiva nova, vinda com a presença de Jesus e o seu reino [reinar] exige uma mudança radical nas estruturas religiosas e suas tradições. Cristo inaugurará um novo tempo [nova era], um tempo de vida e alegria, e as estruturas antigas não poderiam suportar essa verdade.
e. A vida cristã é liberdade, paz, comunhão, perdão, alegria, ela não é uma reforma do que está velho, mas algo totalmente novo. Essa é a verdade ilustrada pela parábola do novo tecido em velho tecido e dos odres velhos e vinho novo.
Conclusão:
Com Jesus temos duas bênçãos maravilhosas, que ninguém pode nos conceder: a benção da aceitação plena mediante o perdão dos pecados, a benção da alegria plena mediante o perdão. Ambas são bênçãos oriundas da sua morte, da cruz!
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