A GRANDE TRIBULAÇÃO

Mc 13:14-23

Introdução:

Os discípulos haviam perguntado sobre quando e que sinais [v.3]. Jesus [5-13] falara de muitas perturbações, mas não era o fim, apenas as dores do parto. Haveria a proclamação do evangelho as nações e a perseguição que se daria sobre os discípulos de Cristo, a perseverança era uma evidência de sua salvação. Então virá o fim [13]. Mas fim de quê? De Jerusalém? Do mundo? O texto requer especial atenção. O v. 24 fala da volta de Cristo após a referida tribulação, mas 14-18 fala do que acontecerá na Judéia. Em Lc fala-se até de Jerusalém sitiada por exército [Lc 21:20]. Como devemos interpretar essas palavras.

1. Teoria – Uns afirmam que 14-18 refere-se a desgraça em Jerusalém no ano 70 d.C. e o restante 19-23 a GT que ocorrerá antes da vinda de Cristo. É impossível separar o texto, v.18 está ligado ao 19.
2. Teoria – Todo o texto refere-se a queda de Jerusalém no ano 70 d.C. No entanto houve uma tribulação terrível e maior que esta do ano 70 d.C. Quando na II Guerra Mundial Hitler assassinou 6 milhões de judeus. Não podemos esquecer de Guestapo, Auschwitch, Fueher. Além do mais Jesus não voltou após aquela tribulação do ano 70. [v.24-26]
3. Teoria – O texto refere-se totalmente ao futuro, a grande tribulação que precederá a volta de Cristo, ele nada fala sobre a queda de Jerusalém em 70 d.C. Mas vemos claramente que Lucas faz referência a Jerusalém [Lc 21:20]

Então como interpretar tais palavras?

Estamos lendo um texto profético. E o texto profético possui características singulares que devemos reconhecê-las para que possamos interpretá-las corretamente.

1. Dois ou mais acontecimentos são visto como um só

Deve-se reconhecer a possibilidade de um intervalo de tempo entre estes acontecimentos. Algumas profecias do futuro próximo são colocadas no pano de fundo do futuro final, elas são apresentadas unidas, misturadas, mas na realidade estão separadas, as vezes nem mesmo o autor da profecia tinha noção desta separação. Ou seja há na profecia a possibilidade de um intervalo de tempo.Duas profecias numa mesma passagem.

Um viajante vendo uma cadeia de montanhas de longe. Ele vê tudo junto e não percebe que estão de fato separado. Ao longe [futuro] a profecia é vista como um todo, mas de perto ela esta separada. Um exemplo: Isaías 61:1,2

2. Reconheça a possibilidade de um cumprimento duplo

Uma profecia pode se repetir em tempos diferentes. Um cumprimento parcial e um segundo cumprimento pleno. Exemplo é Is 7:14-16, Mt 1:22-23

Assim este texto profético deve ser examinado sobre esta perspectiva. Ele não é só passado e nem só futuro, ele é ambos. Há um cumprimento duplo

I. A GRANDE TRIBULAÇÃO – OLHANDO PARA O PASSADO [Ano 70 d.C]

1. O Abominável da Desolação

O sacrilégio desolador é falado por Daniel [quem lê entenda] [Dn 9:27, 11:31, 12:11] e trata da perseguição sobre o povo de Deus. Teve 2 cumprimentos.

a. Antioco Epifânio em 168 a.C. Ele sacrificou um porco a Zeus no altar do templo de Jerusalém. Fato que provocou a guerra dos Macabeus. Perseguiu, matou, blasfemou! Daniel não só falou daquela época... Ele desolou e abominou o templo. No entanto este oráculo divino se repetiu...

b. Legiões Romanas em 70 d.C. invadiram Jerusalém e destruíram o templo. Eles colocaram uma imagem do imperador e sitiaram Jerusalém. Aqui Jesus responde quando [que sinal] ocorrerá para a iminente destruição do templo. Então Jesus fala do abominável da desolação. Lucas faz menção e explica [Lc 21:20-24]. Este marcará a derrota dos judeus e a destruição do templo.


2. As Orientações de Cristo
Jesus oferece portanto orientações preventivas para lidar contra aquela perseguição. Quando os romanos invadiram Jerusalém, 70 d.C. todos que estavam pereceram. A única maneira era fugir. Os judeus fizerem o contrário do que Jesus havia lutado, eles foram em direção a Jerusalém para lutar por ela, o que tornou-se um verdadeiro banho de sangue. Enquanto os cristãos sabedores da profecia fizeram o contrário. Eusébio, historiador, afirma que os cristãos por causa da profecia fugiram e refugiaram-se em Pella da Peréia. [Teoria]

O coração compassivo de Cristo é revelado aqui, Jesus recomenda não perder tempo, não se atrasar, buscar salvar a vida [Ló]. Ele percebe a situação terrível em que as mulheres terão que enfrentar, principalmente as grávidas [os romanos matavam e abriam o ventre], a dificuldade de fuga aumenta com criança e devido a inverno.

3. O tempo de grande sofrimento [19-20]
Este tempo foi descrito por Jesus como dias terríveis [19]. Deus estava punindo o povo de Israel e usando o exército romano como instrumento seu.
4. O perigo da sedução [21-23]
Também é relato por Josefo que falsos profetas por ocasião da queda de Jerusalém .

Este episódio no entanto não pode ser apenas interpretado como algo passado, temos que perceber que este oráculo profético aponta para o futuro. A Grande Tribulação em Jerusalém é um tipo da Grande Tribulação sobre o mundo que antecede sua vinda.

II. A GRANDE TRIBULAÇÃO – OLHANDO PARA O FUTURO

1. Abominável da Desolação

Esta profecia se cumprirá ainda no futuro. Há um cumprimento por vir. O anticristo cometerá um sacrilégio [abominação], exigindo adoração de si mesmo como fosse Deus

O espírito do Anticristo já opera no mundo. [I Jo 2:18, 2:22, 4:3] Ele se opõe e se levanta contra tudo o que é Deus. Só que nos momentos finais que antecede a volta de Cristo este espírito vai se encarnar num homem. [II Ts 2:1-6]

O Anticristo não é um partido, uma religião. É um homem sem lei, uma espécie de encarnação de Satanás, que vai agir com grande força e poder. Vai governar com mão de ferro. Vai perseguir e muitos salvos vão selar seu testemunho com a própria morte. [Ap 13:7].

Contudo no auge do seu poder, Cristo o matará [II Ts 2:7-8]. Ele será quebrado sem esforço humano. Numa batalha final chamada Armagedom.

2. Sofrimento Incomum [v.19]

Os filhos de Deus sempre experimentaram durante a vida na terra perseguição, sofrimento, tribulação [Jo 16:33 Rm 8:18, I Co 4:7, II Tm 3:12], mas em Marcos Jesus se refere a uma tribulação específica, de curta duração, que ocorrerá imediatamente antes do retorno de Cristo.

Essa tribulação será de grande intensidade e curta duração. Será o tempo mais sombrio e dramático da história da humanidade [Apocalipse descreve por meio de taças, flagelos, selos, trombetas etc]. Satanás estará encarnado no Anticristo e a apostasia dominará. No entanto Deus agirá, fará uma intervenção, abreviando esse tempo por amor dos eleitos.
Deus as vezes adia por misericórdia [Lc 13:6-9] e as vezes abrevia por misericórdia [v.20]

3. A Proteção de Deus para com os eleitos

Deus tem os seus eleitos [3x] – Deus segundo sua soberania escolheu na eternidade, antes da fundação do mundo aqueles que seria recipientes de sua graça. Escolheu para salvação e santificação [I Ts 2:13]

Deus poupa seus eleitos – Deus abreviou essa tribulação por causa dos eleitos, por amor a estes. Ele os trata com amor especial.

Os eleitos de Deus não vão perecer – O anticristo pode até matá-los, mas mesmo que eles morram, os eleitos vencerão [Ap 12:11]. Nada pode separar o eleito de Deus [Rm 8:31-39]

4. O Perigo da Sedução

O tempo da GT será tempo de grande sedução e engano religioso. O diabo enviará os seus agentes: falsos cristos, falsos profetas, com vestes sagradas.

O tempo da GT será um tempo de apostasia. O anticristo terá ao seu lado o falso profeta. O Anticristo [político] terá apoio de uma falsa religião. Haverá a manifestação crescente de falsos sinais e prodígios com vistas ao engano. Sabemos que o homem é facilmente seduzido por sinais sobrenaturais e místicos. Há algo na natureza humana que ama a mentira e se recusa a crer na Palavra. O sobrenatural seduz e convence muito o homem. Então haverá a manifestação de muitos sinais e prodígios.

Creio que o tempo que vivemos [que não é GT] é uma espécie de avan premier [entrada, uma pavimentação] para o espírito da mentira do engano dominar mais e mais o homem. Vemos a busca ensandecida dos milagres para mim é a pavimentação que a religião está fazendo para a manifestação futura de falsos cristos e falsos profetas e em especial do falso profeta.

Conclusão:

1. A veracidade da profecia bíblica. As palavras de Jesus se cumpriram e se cumprirão.
2. Com Deus não se brinca, ele é compassivo e ao mesmo tempo é um Deus zeloso. Deus julgou terrivelmente a nação judaica. Ela teve privilégios e oportunidade, mas desprezou e foi rebelde. Deus a julgou terrivelmente.
3. Eis aqui uma palavra para o não convertido. A palavra de Deus afirma que Cristo virá, virá em poder e glória. E você está preparado?
4. Uma palavra para aquele vivendo uma vida mundana. Despreocupados.
5. Jesus exorta que devemos estar atentos por causa dos enganadores.Ele encoraja seu povo a perseverar em meio as circunstâncias adversas.