terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A GRANDEZA DE JESUS VISTA EM SEUS RELACIONAMENTOS

Mc 1:9-13

Introdução:

A grande verdade de Marcos é mostrar que o Filho de Deus entrou no mundo como servo e veio para dar sua vida pelos pecadores. É revelada sua grandeza, em demonstrar seu poder e em sofrer. Tendo isto em mente, quero apresentar a pessoa de Jesus a partir de seus relacionamentos que demonstram sua grandeza e singularidade ao mesmo tempo em que moldam seus passos para sua missão, a cruz.

A GRANDEZA DE JESUS É VISTA NOS TIPOS DE RELACIONAMENTO QUE ELE DESFRUTA

I. JESUS É IDENTIFICADO COM O HOMEM

Jesus é bem identificado com a humanidade. Primeiramente ele é homem em sua natureza. Nasceu como homem, foi concebido e gerado como homem. Ele não é um ser alienígena, distante a realidade humana como Dalai Lama ou um monge.

1. Em sua origem

Sua origem é o primeiro choque. Jesus nasce pobre, num lar pobre, de mãe pobre, de uma cidade pobre. Ele não veio nem da região central do judaísmo, a Judéia, menos ainda da cidade santa com seu templo. Ele veio de um povoado afastado, Nazaré, uma pequena aldeia, cidade rejeitada pelos judeus, que só podia ser encontrado com aju­da: da Galiléia (cf v 14). Tudo isto visa sua identificação com o homem, com a sua condição miserável.

"Examina e verás que da Galiléia não se levanta profeta!" (Jo 7.52).
Filipe encontrou a Natanael e disse-lhe: Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de José. Perguntou-lhe Natanael: De Nazaré pode sair alguma coisa boa? [Jo 1:45-46]

2. Em seu batismo

O batismo de Jesus foi um momento de decisão. Durante 30 anos, Jesus viveu como um carpinteiro na cidade de Nazaré. Ele tinha consciência de sua missão desde a infância. Jesus não era uma pessoa qualquer que estava com os peregrinos, sem suspeitar de nada e foi surpreendido por uma escolha divina, sendo chamado ali para ser o Messias e o Filho de Deus.

Nossa história, portanto, não quer contar como Jesus se tornou o Cristo, o Messias, mas que ele, vindo de Nazaré, o era. Ele não assumiu sua tarefa somente depois do batismo, mas revelou-a no batismo. Era o tempo de agir e iniciar o seu ministério. O batismo marca essa decisão!

Por que se batizou se ele não tinha pecado pessoal [Jo 4:46, II Co 5:21, Hb 4:15, I Jo 3:5]?

Ele foi batizado por causa da natureza de seu ministério [sua missão], porque ele estava assim se identificando conosco. Jesus veio ao mundo como nosso representante e fiador. Ele se fez carne e habitou entre nós. Ele se fez pecado e maldição por nós. Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e carregou sobre o seu corpo, no madeiro, os nossos pecados. Ele não foi batizado por pecados pessoais, mas pelos nossos pecados imputados a ele. Ele foi batizado a fim de expressar sua identificação com o povo.

Seu batismo é "Seu primeiro passo por nós". É aqui que ele começa. Desde este batismo até seu último batismo, de que ele fala em Mc 10.38, andará por ele. Neste caminho ele se tornou aquele que batiza com o Espírito [que salva], depois da sua ressurreição, em Pentecostes.

II. JESUS É UNGIDO PELO ESPÍRITO

1. É um sinal de um novo tempo

Um tempo sem o Espírito, porém, é um tempo de julgamento. Este tempo está terminando agora. No momento em que ressoa a voz do céu aberto, irrompe a salvação.
A figura da pomba deu um sinal do término do julgamento após o dilúvio na época de Noé. A pomba agora dá o sinal da vinda do Espírito Santo sobre Jesus, abrindo os portais da graça.

2. A sua unção é reveladora

Quando Jesus saiu da água o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele. Ele estava cheio do Espírito Santo. Jesus como homem precisou ser revestido com o poder do Espírito Santo.

Não é que ali isto ocorreu, mas ali foi demonstrado, publicado e revelado. Ele não estava vazio e só ali foi cheio. Não se pode imaginar nenhum momento na vida de Jesus que ele não vivesse oculta ou abertamente no Espírito Santo.

3. É dirigido pelo Espírito

Ele foi guiado pelo Espírito Santo ao deserto. Ele retornou à Galiléia no poder do Espírito Santo. Ele agiu no poder do Espírito. [Atos 10:38]

III. JESUS É APROVADO PELO PAI

Jesus viu os céus rasgarem-se. Céu e terra tinham se fechado um para o outro e os abismos estavam escancarados. Deus é quem derruba o bloqueio, rasga os céus e derramar sua força e suas dádivas sobre a terra. Sobre este Jesus Deus rompe seu silên­cio, Deus intervém passando a executar o plano redentor. A voz do céu aponta a completa aprovação do Pai à missão do Filho como mediador e nosso substituto.

1. É Filho

Jesus não foi ali adotado, mas declarado, anunciado e revelado. O Filho é eterno! O Pai e o Filho são co-iguais, co-eternos e consubstanciais [diferente em função, iguais em essência]. Eles sempre tiveram em plena comunhão na eternidade, mas devido o pacto da redenção por causa do plano redentor, o Pai envia o Filho. O Filho se dispõe por causa deste pacto sujeitar-se ao Pai. Ele se dispõe a fazer-se carne, despojar-se da glória e morrer.

Os orientais chamavam de filho de Deus um descedente de rei, os judeus jamais chamavam alguém de filho de Deus, era uma blasfêmia. Os gregos chamavam de "divina" qual­quer pessoa que se destacasse em termos de talentos e realizações: poetas, estudiosos, políticos, esportistas, médicos ou milagreiros.

Curiosamente Jesus não é chamado/reconhecido por Filho de Deus em todo o livro, a menos pelos demônios. Mesmo revelando seu poder com diversos milagres. É dito que Ele é Filho de Deus pelo comandante, já no final do livro (15.39). Isto acontece, portanto, no próprio momento em que as mãos milagrosas estão pregadas, o operador de milagres não desce da cruz e sua debilidade é ridicularizada. A glória deste Filho não pode ser separada da sua vergonha, na verdade é na cruz que fica mesmo evidente que ele é o Filho.

2. É amado

O Pai declara seu amor pelo Filho. A palavra amado não fala somente de afeição, mas de singularidade. É nos revelado dos céus o maravilhoso amor entre o Pai e o Filho, que por meio deste amor foi realizada a obra da salvação. Ao mesmo tempo é nosso sustento e conforto no mundo.

Jo 3:35 - O Pai ama ao Filho, e todas as coisas tem confiado às suas mãos.
Jo 15:9 - Como o Pai me amou, também eu vos amei; permanecei no meu amor.

3. É o seu prazer

Quando Jesus saiu da água, o Pai falou. Ali estava a Trindade [Pai, Filho e Espírito] participando do seu ministério. O Pai afirma sua filiação e declara que em Jesus e na sua obra Ele tem todo o prazer.

Aplicação - Nem todo o filho amado é deleite do pai. Podemos amar um filho e ele infelizmente não nos conferir prazer, mas dor, vergonha e tristeza. Davi amava Absalão, mas ele não era deleite de Davi. Jesus era o deleite do Pai.

Resumo: Sua voz do céu diz, em outras palavras: Assim você é e continua sendo meu Filho amado especial; estou com você para o que der e vier; sobre você desce o meu céu; você tem e é o meu agrado, pois eu não me agrado da morte do pecador, mas que ele se volte e viva (Ez 18.23)!

IV. JESUS É TENTADO PELO DIABO

Vejamos algumas verdades sobre esta tentação:

1. As Circunstâncias da Tentação

a. Ocasião

Logo [41x], revela que não houve intervalo entre o batismo e a tentação, Jesus vai da aprovação do Pai para as ciladas do maligno, da água do batismo para o fogo da tentação. Consagração e provação inauguram o ministério de Jesus.

Aplicação - Revela que a vida cristã não é uma colônia de féria, mas um campo de batalhas. O fato de sermos filhos de Deus não nos isenta de provações, antes por sermos filhos somos mais tentados.O Filho de Deus por ser aprovado pelo Pai e ungido pelo Espírito não foi concedido “vida fácil”

b. Agente

O Espírito Santo foi o que impeliu Jesus para ser tentado [moveu com urgência, moveu-o]. A tentação não foi um acidente, mas uma direção divina. Veja que a iniciativa é do próprio Deus. É Jesus que invade o terreno do inimigo, o confronta, ataca. Satanás é perturbado e assim é forçado a reagir.

Essa tentação não procedia de dentro dele, mas era externa. No nosso caso quando o diabo sussurra uma tentação em nossos ouvidos ele desperta a nossa carne, ele aguça nossa natureza pecaminosa [Tg 1:14]. Com Cristo não foi assim, pois ele não tinha pecado.

c. Lugar

O deserto aqui é um lugar desconfortável, severo e agressivo. Lugar de desolação e solidão. É na bíblia um lugar de provas e de vitórias. É um lugar de treinamento de Deus. Ele estava cansado e faminto. Suas forças físicas haviam se esgotado, seu corpo debilitado, em agonia.

d. Tempo

É dito que ele foi tentado continuamente, por 40 dias. Este número é de provação: Dilúvio [Gn 7:12], Moisés [Ex 34:28], Elias [I Re 19:8], Israel [Sl 95:10]. Mesmo depois continuou tentado em ocasião oportuna.

e. Tentador

Satanás não um mito, lenda ou uma idéia ou energia negativa. Ele é um anjo caído, maligno e perverso, assassino, ladrão, mentiroso. Seu alvo é destruir e derrubar o povo de Deus, sua obsessão é frustrar os planos de Deus. Ele tentou o Adão, e saiu vitorioso, ele tentou o segundo Adão e saiu derrotado. O primeiro fracassou; o segundo foi vitorioso.

2. O Propósito da Tentação

Para mostrar que ele estava pronto para realizar sua missão. O propósito da tentação pelo ângulo de Deus é nos fortalecer. Ele foi tentando para provar sua perfeita humanidade. Por ser homem ele foi tentado. Suas tentações foram reais [Hb 2:17, 4:15]. Ele foi tentado para ser um exemplo. Por isso ele se compadece de nós e pode nos socorrer.

Hb 2:18 -Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados.
Hb 4:15 - Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.

3. A Vitória sobre a Tentação

Jesus saiu vitorioso, embora saibamos que ele seria outras vezes tentado, mas ali já demonstrara seu poder. Para sua vitória ele usou armas:

a. Oração – Sua intimidade com Deus foi a chave. O que nos leva a cair não é presença do inimigo, mas a ausência de Deus. Se estamos na presença de Deus triunfaremos. Quando oramos vencemos!

b. Jejum – Jejum é um deleite em Deus, é a afirmação que Deus é mais importante do que tudo para nós. É fome de Deus. Spurgeon afirma que os tempos mais vitoriosos em sua igreja era o tempo de oração e jejum!

c. A Palavra de Deus – Ele usou a espada do Espírito. Ele rebateu com a Palavra. Infelizmente somos presas fáceis dos ardis de Satanás porque vivemos um analfabetismo bíblico. Crentes ignorantes são presas fáceis do diabo. Hoje se quer vencer o diabo com gritos, como misticismos, com amuletos e com fetiches, que nada mais são armas fabricadas pelos homens, carnais, mas Deus nos deu sua Palavra, a arma mais poderosa nesta luta.

Conclusão:

Quem pode nos compreender verdadeiramente nesta vida? Quem pode entender o nosso interior, o que se passa dentro de nós, no nosso íntimo? Cristo! Ele se identificou conosco, tornando-se um de nós, ele andou com homens, viveu como um de nós experimentou esta dura realidade da vida, experimentou a tentação como nos experimentamos, mas como nosso representante, foi fiel. É por isso que ele é digno de nossa adoração. Aquele que nós adoramos e servimos. Aquele que freqüentemente recebe nossa adoração e devoção não é um ser estranho, distante de nossa realidade, é um de nós!

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