Mc 1:9-13
Introdução:
A grande verdade de Marcos é mostrar que o Filho de Deus entrou no mundo como servo e veio para dar sua vida pelos pecadores. É revelada sua grandeza, em demonstrar seu poder e em sofrer. Tendo isto em mente, quero apresentar a pessoa de Jesus a partir de seus relacionamentos que demonstram sua grandeza e singularidade ao mesmo tempo em que moldam seus passos para sua missão, a cruz.
A GRANDEZA DE JESUS É VISTA NOS TIPOS DE RELACIONAMENTO QUE ELE DESFRUTA
I. JESUS É IDENTIFICADO COM O HOMEM
Jesus é bem identificado com a humanidade. Primeiramente ele é homem em sua natureza. Nasceu como homem, foi concebido e gerado como homem. Ele não é um ser alienígena, distante a realidade humana como Dalai Lama ou um monge.
1. Em sua origem
Sua origem é o primeiro choque. Jesus nasce pobre, num lar pobre, de mãe pobre, de uma cidade pobre. Ele não veio nem da região central do judaísmo, a Judéia, menos ainda da cidade santa com seu templo. Ele veio de um povoado afastado, Nazaré, uma pequena aldeia, cidade rejeitada pelos judeus, que só podia ser encontrado com ajuda: da Galiléia (cf v 14). Tudo isto visa sua identificação com o homem, com a sua condição miserável.
"Examina e verás que da Galiléia não se levanta profeta!" (Jo 7.52).
Filipe encontrou a Natanael e disse-lhe: Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de José. Perguntou-lhe Natanael: De Nazaré pode sair alguma coisa boa? [Jo 1:45-46]
2. Em seu batismo
O batismo de Jesus foi um momento de decisão. Durante 30 anos, Jesus viveu como um carpinteiro na cidade de Nazaré. Ele tinha consciência de sua missão desde a infância. Jesus não era uma pessoa qualquer que estava com os peregrinos, sem suspeitar de nada e foi surpreendido por uma escolha divina, sendo chamado ali para ser o Messias e o Filho de Deus.
Nossa história, portanto, não quer contar como Jesus se tornou o Cristo, o Messias, mas que ele, vindo de Nazaré, o era. Ele não assumiu sua tarefa somente depois do batismo, mas revelou-a no batismo. Era o tempo de agir e iniciar o seu ministério. O batismo marca essa decisão!
Por que se batizou se ele não tinha pecado pessoal [Jo 4:46, II Co 5:21, Hb 4:15, I Jo 3:5]?
Ele foi batizado por causa da natureza de seu ministério [sua missão], porque ele estava assim se identificando conosco. Jesus veio ao mundo como nosso representante e fiador. Ele se fez carne e habitou entre nós. Ele se fez pecado e maldição por nós. Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e carregou sobre o seu corpo, no madeiro, os nossos pecados. Ele não foi batizado por pecados pessoais, mas pelos nossos pecados imputados a ele. Ele foi batizado a fim de expressar sua identificação com o povo.
Seu batismo é "Seu primeiro passo por nós". É aqui que ele começa. Desde este batismo até seu último batismo, de que ele fala em Mc 10.38, andará por ele. Neste caminho ele se tornou aquele que batiza com o Espírito [que salva], depois da sua ressurreição, em Pentecostes.
II. JESUS É UNGIDO PELO ESPÍRITO
1. É um sinal de um novo tempo
Um tempo sem o Espírito, porém, é um tempo de julgamento. Este tempo está terminando agora. No momento em que ressoa a voz do céu aberto, irrompe a salvação.
A figura da pomba deu um sinal do término do julgamento após o dilúvio na época de Noé. A pomba agora dá o sinal da vinda do Espírito Santo sobre Jesus, abrindo os portais da graça.
2. A sua unção é reveladora
Quando Jesus saiu da água o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele. Ele estava cheio do Espírito Santo. Jesus como homem precisou ser revestido com o poder do Espírito Santo.
Não é que ali isto ocorreu, mas ali foi demonstrado, publicado e revelado. Ele não estava vazio e só ali foi cheio. Não se pode imaginar nenhum momento na vida de Jesus que ele não vivesse oculta ou abertamente no Espírito Santo.
3. É dirigido pelo Espírito
Ele foi guiado pelo Espírito Santo ao deserto. Ele retornou à Galiléia no poder do Espírito Santo. Ele agiu no poder do Espírito. [Atos 10:38]
III. JESUS É APROVADO PELO PAI
Jesus viu os céus rasgarem-se. Céu e terra tinham se fechado um para o outro e os abismos estavam escancarados. Deus é quem derruba o bloqueio, rasga os céus e derramar sua força e suas dádivas sobre a terra. Sobre este Jesus Deus rompe seu silêncio, Deus intervém passando a executar o plano redentor. A voz do céu aponta a completa aprovação do Pai à missão do Filho como mediador e nosso substituto.
1. É Filho
Jesus não foi ali adotado, mas declarado, anunciado e revelado. O Filho é eterno! O Pai e o Filho são co-iguais, co-eternos e consubstanciais [diferente em função, iguais em essência]. Eles sempre tiveram em plena comunhão na eternidade, mas devido o pacto da redenção por causa do plano redentor, o Pai envia o Filho. O Filho se dispõe por causa deste pacto sujeitar-se ao Pai. Ele se dispõe a fazer-se carne, despojar-se da glória e morrer.
Os orientais chamavam de filho de Deus um descedente de rei, os judeus jamais chamavam alguém de filho de Deus, era uma blasfêmia. Os gregos chamavam de "divina" qualquer pessoa que se destacasse em termos de talentos e realizações: poetas, estudiosos, políticos, esportistas, médicos ou milagreiros.
Curiosamente Jesus não é chamado/reconhecido por Filho de Deus em todo o livro, a menos pelos demônios. Mesmo revelando seu poder com diversos milagres. É dito que Ele é Filho de Deus pelo comandante, já no final do livro (15.39). Isto acontece, portanto, no próprio momento em que as mãos milagrosas estão pregadas, o operador de milagres não desce da cruz e sua debilidade é ridicularizada. A glória deste Filho não pode ser separada da sua vergonha, na verdade é na cruz que fica mesmo evidente que ele é o Filho.
2. É amado
O Pai declara seu amor pelo Filho. A palavra amado não fala somente de afeição, mas de singularidade. É nos revelado dos céus o maravilhoso amor entre o Pai e o Filho, que por meio deste amor foi realizada a obra da salvação. Ao mesmo tempo é nosso sustento e conforto no mundo.
Jo 3:35 - O Pai ama ao Filho, e todas as coisas tem confiado às suas mãos.
Jo 15:9 - Como o Pai me amou, também eu vos amei; permanecei no meu amor.
3. É o seu prazer
Quando Jesus saiu da água, o Pai falou. Ali estava a Trindade [Pai, Filho e Espírito] participando do seu ministério. O Pai afirma sua filiação e declara que em Jesus e na sua obra Ele tem todo o prazer.
Aplicação - Nem todo o filho amado é deleite do pai. Podemos amar um filho e ele infelizmente não nos conferir prazer, mas dor, vergonha e tristeza. Davi amava Absalão, mas ele não era deleite de Davi. Jesus era o deleite do Pai.
Resumo: Sua voz do céu diz, em outras palavras: Assim você é e continua sendo meu Filho amado especial; estou com você para o que der e vier; sobre você desce o meu céu; você tem e é o meu agrado, pois eu não me agrado da morte do pecador, mas que ele se volte e viva (Ez 18.23)!
IV. JESUS É TENTADO PELO DIABO
Vejamos algumas verdades sobre esta tentação:
1. As Circunstâncias da Tentação
a. Ocasião
Logo [41x], revela que não houve intervalo entre o batismo e a tentação, Jesus vai da aprovação do Pai para as ciladas do maligno, da água do batismo para o fogo da tentação. Consagração e provação inauguram o ministério de Jesus.
Aplicação - Revela que a vida cristã não é uma colônia de féria, mas um campo de batalhas. O fato de sermos filhos de Deus não nos isenta de provações, antes por sermos filhos somos mais tentados.O Filho de Deus por ser aprovado pelo Pai e ungido pelo Espírito não foi concedido “vida fácil”
b. Agente
O Espírito Santo foi o que impeliu Jesus para ser tentado [moveu com urgência, moveu-o]. A tentação não foi um acidente, mas uma direção divina. Veja que a iniciativa é do próprio Deus. É Jesus que invade o terreno do inimigo, o confronta, ataca. Satanás é perturbado e assim é forçado a reagir.
Essa tentação não procedia de dentro dele, mas era externa. No nosso caso quando o diabo sussurra uma tentação em nossos ouvidos ele desperta a nossa carne, ele aguça nossa natureza pecaminosa [Tg 1:14]. Com Cristo não foi assim, pois ele não tinha pecado.
c. Lugar
O deserto aqui é um lugar desconfortável, severo e agressivo. Lugar de desolação e solidão. É na bíblia um lugar de provas e de vitórias. É um lugar de treinamento de Deus. Ele estava cansado e faminto. Suas forças físicas haviam se esgotado, seu corpo debilitado, em agonia.
d. Tempo
É dito que ele foi tentado continuamente, por 40 dias. Este número é de provação: Dilúvio [Gn 7:12], Moisés [Ex 34:28], Elias [I Re 19:8], Israel [Sl 95:10]. Mesmo depois continuou tentado em ocasião oportuna.
e. Tentador
Satanás não um mito, lenda ou uma idéia ou energia negativa. Ele é um anjo caído, maligno e perverso, assassino, ladrão, mentiroso. Seu alvo é destruir e derrubar o povo de Deus, sua obsessão é frustrar os planos de Deus. Ele tentou o Adão, e saiu vitorioso, ele tentou o segundo Adão e saiu derrotado. O primeiro fracassou; o segundo foi vitorioso.
2. O Propósito da Tentação
Para mostrar que ele estava pronto para realizar sua missão. O propósito da tentação pelo ângulo de Deus é nos fortalecer. Ele foi tentando para provar sua perfeita humanidade. Por ser homem ele foi tentado. Suas tentações foram reais [Hb 2:17, 4:15]. Ele foi tentado para ser um exemplo. Por isso ele se compadece de nós e pode nos socorrer.
Hb 2:18 -Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados.
Hb 4:15 - Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.
3. A Vitória sobre a Tentação
Jesus saiu vitorioso, embora saibamos que ele seria outras vezes tentado, mas ali já demonstrara seu poder. Para sua vitória ele usou armas:
a. Oração – Sua intimidade com Deus foi a chave. O que nos leva a cair não é presença do inimigo, mas a ausência de Deus. Se estamos na presença de Deus triunfaremos. Quando oramos vencemos!
b. Jejum – Jejum é um deleite em Deus, é a afirmação que Deus é mais importante do que tudo para nós. É fome de Deus. Spurgeon afirma que os tempos mais vitoriosos em sua igreja era o tempo de oração e jejum!
c. A Palavra de Deus – Ele usou a espada do Espírito. Ele rebateu com a Palavra. Infelizmente somos presas fáceis dos ardis de Satanás porque vivemos um analfabetismo bíblico. Crentes ignorantes são presas fáceis do diabo. Hoje se quer vencer o diabo com gritos, como misticismos, com amuletos e com fetiches, que nada mais são armas fabricadas pelos homens, carnais, mas Deus nos deu sua Palavra, a arma mais poderosa nesta luta.
Conclusão:
Quem pode nos compreender verdadeiramente nesta vida? Quem pode entender o nosso interior, o que se passa dentro de nós, no nosso íntimo? Cristo! Ele se identificou conosco, tornando-se um de nós, ele andou com homens, viveu como um de nós experimentou esta dura realidade da vida, experimentou a tentação como nos experimentamos, mas como nosso representante, foi fiel. É por isso que ele é digno de nossa adoração. Aquele que nós adoramos e servimos. Aquele que freqüentemente recebe nossa adoração e devoção não é um ser estranho, distante de nossa realidade, é um de nós!
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