quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

SÓ A FÉ - Sola Fide



Rm 3:21-26

Introdução:

Temos demonstrado o valor da Palavra, ela evangeliza, santifica e orienta, portanto ela é suficiente. Apresentei a singularidade de Cristo, em sua supremacia, sacrifício e suficiência na salvação. Defendi a graça com suas preciosas lições que nos ensina humildade, dependência, suficiência, poder e contentamento. A graça destrói os méritos humanos e exalta a bondade e o amor de Deus. Afirmamos que a Bíblia é a única autoridade e que a graça é o único meio de salvação, que Cristo é único que pagou na cruz os nossos pecados. Então a questão é: Como é que uma pessoa pode receber a salvação? Ou, dito de outra maneira, como é que uma pessoa pode se reconciliar com Deus? Chamamos isto de Justificação pela Fé que é definida:

JUSTIFICAÇÃO É UM ATO DE DEUS PELO QUAL ELE DECLARA PECADORES JUSTOS SOMENTE PELA GRAÇA POR MEIO DA POR CAUSA SOMENTE DE CRISTO

S.I – Quais os elementos fundamentais para a correta compreensão da Justificação pela Fé?
S.T – Somente compreenderemos a obra da justificação pela fé se e somente se entendermos esses elementos fundamentais...


I. A NECESSIDADE DE JUSTIFICAÇÃO: O PECADO [v.10-11, 23]

Para a compreensão desta maravilhosa verdade temos que inicia com a condição em que se encontra o homem. Porque justificar? E por que só pela fé? Justificar fala de um quadro de juízo, penalidade judicial. O homem pecou e seu pecado exige de Deus um julgamento. Na perspectiva de Deus, diante da santidade e perfeição divina, todos pecaram.

É essa condição que se faz necessária a justificação, o homem pecou e Deus deve julgá-lo. E essa condição espiritual é demais necessária que o homem compreenda. Ele é um miserável pecador, digno de ser julgado e condenado, separado para sempre de Deus. E Deus ao agir assim agirá porque sua justiça requer.

Muitas pessoas não levam a sério esse quadro, não tem noção de sua condição aos olhos de Deus, o orgulho não permite ver em que situação se encontra diante do Seu criador.
O homem por si só não consegue perceber o quadro deplorável e miserável de sua situação aos olhos de Deus. Mas somente a convicção do pecado torna possível a justificação pela fé.

Enquanto o coração do homem não vier tiver sede de alívio pelo imenso e terrível pecado, a infeliz condição de sua alma longe de Deus fruto da culpa por seus pecados ele jamais será justificado pela fé.

II. A FONTE DA JUSTIFICAÇÃO: A GRAÇA [v.24]

Uma vez que o homem é pecador e, portanto incapaz de por si só, mediante seus esforços, sua moralidade, suas obras, sua religiosidade resolver seu problema, então o segundo aspecto fundamental da justificação é sua fonte. De onde vem a justiça de Deus? Por que Deus justifica o homem?

Ninguém pode se justificar, a justiça não procede do próprio homem [v.20]. A lei não é capaz disto, pois o homem não pode cumpri-la e ela não foi dada com este alvo, pelo contrário ele foi nos dada para revelar o nosso estado de miséria. Ela é um espelho que mostra o nosso coração pecaminoso.

Como então a salvação é possível? É possível somente se Deus fizer a obra por nós – que é o que graça significa. Neste sentido a salvação não é uma sinergia, mas uma monergia. O homem não coopera para salvação, pois não possui mérito nenhum diante do seu Criador. É falacioso dizer Deus ajuda a quem se ajuda. Ou Deus deve a todos uma oportunidade de serem salvos.

Então a obra da salvação é única e exclusivamente divina e nos é doado graciosamente, visto que ninguém absolutamente a merece. Se não fosse pela graça de Deus, totalmente não solicitada e totalmente imerecida ninguém seria salvo.

III. O FUNDAMENTO DA JUSTIFICAÇÃO: A CRUZ DE CRISTO [v.25]

Sob que base Deus justifica? Ele oferece a justificação baseada em que? Paulo diz que é baseada no que Cristo fé no cruz. Ali ele alcançou a redenção [v.24] e a propiciação [v.25]

Deus deixou impunes os pecados anteriormente cometidos [v.25]. Paulo explica como Deus tratara dos pecados anteriormente cometidos antes da encarnação e morte de Cristo. É como se Deus parecesse conivente, em vez de condenar, justificava os pecadores.

Exemplos: As falhas de Abraão e o adultério de Davi. Quando morreram eles não foram condenados. Isto parecia que Deus ignorava, era conivente, perdoando sem fundamento. Como Deus podia agir assim sendo Santo e Justo. Como poderia ser justo e perdoador? Se perdoasse agiria com injustiça, se agisse com justiça não perdoaria.

Mas na morte de Cristo Deus se tornou perdoador justo de todo o que crê. Pois com base na morte do seu próprio Filho ele os perdoaria. Assim com base na mesma morte Ele perdoa agora. Deus havia sido justo quando ele justificou e continua justificar. [v.26]


IV. O MEIO DE JUSTIFICAÇÃO: A FÉ [v.25-26]

Como então eu me aproprio desta obra? A fé é o canal pelo qual a justificação vem a nós, se torna nossa. Sem ela ninguém será justificado. Ela é um dom de Deus! [Ef 2:8-9].Por isso Só a Fé. Precisamos ter um conceito correto de que venha a ser fé salvadora. Qual sua natureza? Quais elementos que a torna um fé verdadeira e operosa?

1. O primeiro elemento é conhecimento [consciência para Spurgeon]

O conhecimento é o primeiro elemento. A verdadeira inicia com o conhecimento. Não posso exercer fé sem saber. “Nada pode entrar no santuário do coração a menos que o primeiro passe pelo vestibular da mente”.

Para se exercer fé é necessário conhecer. Sem conhecimento a fé não é gerada. Se eu não conheço os aspectos mais elementares do evangelho como terei fé.

Na época medieval, que antecedeu a Reforma, prevalecia a ignorância [idade das trevas]. A igreja negligenciava o ensino e a maioria das pessoas até o clero desconhecia as Escrituras.
Como pessoas ta ignorantes seriam salvas? O catolicismo afirmava que não era necessário ao fiel conhecer. O que ele tinha que fazer é confiar na igreja, a igreja e seus ensinamentos são corretos, mesmo que as pessoas não soubessem que ensinamentos era aqueles.

Algo similar prevalece hoje. Uma sombra de completo desconhecimento domina as igrejas. Não há verdadeiro ensino nos púlpitos e o resultado disto é uma igreja enferma dominada por líderes carismáticos que manipulam as pessoas e estas estão cegas em sua maioria sem a verdadeira fé, porque não há verdadeiro ensinamento. Mas a verdadeira fé apóia-se no conhecimento, não na ignorância. Como poderei ter fé sem saber em que ou em quem ter fé?

2. O segundo elemento é convicção [aceitação]

Eu posso conhecer – ter na minha mente o conteúdo – mas ainda estar perdido. Se o ensino não tocou o indivíduo ao ponto dele concordarem isto não constitui a verdadeira fé. Há pessoas que são plenamente capazes de explicar a doutrina cristã mesmo assim não crerem nela. Eles ainda não têm fé.

Calvino acertadamente afirmou: “É preciso derramar no coração o que a mente absorveu. Ela deve enraizar-se no coração...” Trata-se de uma concordância!

3. O terceiro elemento da fé é confiança [Compromisso para Spurgeon]

Trata-se de uma auto-entrega a Cristo que vai além do conhecimento e da concordância [ou aceitação]. Mesmo que você conheça a mensagem do evangelho, mesmo que você concorde e até mesmo seja tocado por ele, esteja convencido de que ele é verdadeiro sua fé ainda não é verdadeira.

Na realidade sua fé é igual a dos demônios. Eles sabem o que a bíblia ensina e eles sabem que é verdade, mas eles não são salvos. [Tg 2:19]. Só acreditar e até concordar não o diferencia da fé que têm os demônios. Os demônios sabem o conteúdo e sabem que é verdade, mas despreza.

Compromisso rompe a linha que delimita o pertencermos a nós mesmos e nos tornamos discípulos do Senhor, ou seja, confiar e se sujeitar totalmente a Ele. Essa confiança ou compromisso envolve uma mudança radical de valores.

A fé produz mudança, o nascido de novo busca ardentemente e apaixonadamente o que antes não via nenhum valor.

Falo da minha vida. Vivi durante um tempo sem conhecer verdadeiramente meu Senhor. Um dia foi me apresentado, nasceu em mim à convicção e uma profunda paixão por Ele. Achei a pedra de grande valor! Dei minha vida por ela! Não consigo imaginar minha vida fora de Jesus. Ele é a minha vida. E tudo o que eu quero na vida é viver para Ele. [Fp 1:21]. É conhecê-lo. Há algo que foi colocado em meu coração que me impulsiona a amá-lo e conhecê-lo. Há algo no meu coração que pulsa por obedecê-lo e que me abate quando não o faço.

Conclusão

Pense num jovem apaixonado por uma moça e vem a casar com ela. As primeiras etapas é a fase do conhecimento. Cada um se empenha em conhecer o outro, considerando suas qualidades para um bom casamento. Nesta fase gasta-se tempo para fazer isto. Ele é o tipo de pessoa que seria um bom marido?Ela é o tipo de mulher que seria uma boa esposa?


A segunda parte é se apaixonar. Corresponde ao elemento do coração, é o ponto em que a outra pessoa começa a afetar a outra emocionalmente. Nesta etapa ele não pensa abstratamente acerca da mulher. Esta é a mulher que eu quero para ser minha esposa? Este é o homem que eu quero para meu marido?

Mas conhecer e apaixonar embora sejam uma experiência maravilhosa, não faz de nós casados. O casamento vem quando o casal se posta diante de seu ministro e recita os votos pelos quais ambos se comprometem. O homem diz: Eu, João tomo você, Maria para ser minha esposa e me comprometo diante de Deus e destas testemunhas de ser fiel e amado, na fartura, na pobreza, na alegria e na tristeza, na doença ou na saúde enquanto viver.

É esta atitude que o liga a Jesus. Jesus morreu por nós, demonstrando seu imenso amor por nós. Assim ele nos cortejou, agora ele espera de nós o compromisso. Esta ilustração tem apensa uma deficiência. No casamento ambos são iguais, mas na aliança divina, é o Senhor que compra, galanteia e se compromete conosco. A obra é dEle!Não há nada que possamos oferecer!



Nada trago nas mãos


-Simplesmente me apego à Tua cruz;


Venho nu a Ti, para vestir-me


- Indefeso, busco a graça em Ti;


Sujo, eu corro até a Tua fonte


-Lava-me, Salvador, ou morro!" [A. Toplady]


Pr. Luiz Correia


[Deus meus et omnia]

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